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Bolsonaro está cada vez mais parecido com biruta de aeroporto

O medo de apostar errado

atualizado

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Isabella Finholdt/Especial Metrópoles
Bolsonaro na paulista 7 de setembro 2024-16
1 de 1 Bolsonaro na paulista 7 de setembro 2024-16 - Foto: Isabella Finholdt/Especial Metrópoles

Está nos dicionários.

Como substantivo, biruta é um instrumento que indica o sentido do vento, sendo muito importante em aeroportos, heliportos e aeródromos. É composto por um cone de tecido com duas aberturas, sendo uma maior que a outra, que fica presa a um mastro. Quando inflada, a biruta mostra a direção do vento.

Como adjetivo, biruta é usado para descrever uma pessoa que é desajuizada, inquieta ou amalucada. Na política, é uma pessoa que muda de opinião com a mesma facilidade com que troca de roupa, e sempre atenta à direção soprada pelo vento a cada momento. Desde que se tornou inelegível, Bolsonaro está assim, coitado.

Relutou, relutou muito a apoiar o prefeito Ricardo Nunes (MDB), de São Paulo, candidato à reeleição. Bolsonaro queria alguém com chances de vencer e que obedecesse às suas ordens sem piscar. Não encontrou. Então, indicou um coronel da Polícia Militar para vice na chapa de Nunes e manteve-se distante da campanha.

Deu-se que apareceu em cena o coach Pablo Marçal, ex-condenado por falcatruas em bancos, suspeito de ligações com o crime organizado, seguido nas redes sociais por milhares de fãs. O vento passou a soprar na direção de Marçal, e Bolsonaro decidiu marchar atrás. Deixou de acreditar na reeleição de Nunes.

De fato, jamais acreditou. Ao ouvir o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) dizer que em um eventual segundo turno entre Marçal e Guilherme Boulos (PSOL) anularia o voto, reagiu de pronto. Contra a esquerda, qualquer candidato valeria a pena. Tarcísio, um bolsonarista acima de tudo, recuou e pediu perdão.

Quem não lembra que Bolsonaro passou a cortejar Marçal depois que ele deu um salto de sete pontos na pesquisa eleitoral do Datafolha em agosto? Telefonou para Marçal convidando-o para o ato de 7 de setembro na Avenida Paulista em favor do impeachment do ministro Alexandre de Moraes e da anistia para os presos do 8 de janeiro.

Mas eis que a mais recente pesquisa Datafolha mostrou Marçal estancado. Em um segundo turno, ele perderia para Nunes e Boulos. Outra vez o vento mudou de direção? Marçal chegou atrasado ao ato na Avenida Paulista. Quis subir ao palanque para saudar Bolsonaro e o público. Acabou barrado.

Autorizado por Bolsonaro, o pastor Silas Malafaia postou ontem um vídeo onde Marçal é tratado como “arregão”, “aproveitador” e “traidor” que tem medo de Moraes. E o próprio Bolsonaro postou outro onde diz sobre o evento na Paulista:

“O único e lamentável incidente ocorreu após o término do meu discurso quando surgiu o candidato Pablo Marçal que queria subir no carro de som e acenar para o público (fazer palanque as custas do trabalho e risco dos outros). Não foi permitido”.

Pegaria mal para Bolsonaro não ter candidato a prefeito de São Paulo, a maior e mais populosa capital do Brasil. Mas pegará pior ele ter e seu candidato perder a eleição. Por hora, ele não sabe o que fazer. Espera que a próxima rodada de pesquisas indique com maior certeza para onde o vento sopra.

Nunes ou Marçal, se eleitos, poderão afirmar que não precisaram da ajuda de Bolsonaro para derrotar Boulos.

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