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O mundo de Trump (por André Gustavo Stumpf)

No Brasil, uma vitória de Trump vai excitar toda a direita nacional. Bolsonaristas tomarão as ruas com seus bordões em favor da ditadura

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A ex-primeira-dama Melania, o ex-presidente Trump e a cantora Amber ex-OnlyFans- Metrópoles
1 de 1 A ex-primeira-dama Melania, o ex-presidente Trump e a cantora Amber ex-OnlyFans- Metrópoles - Foto: Reprodução/ Instagram/ amberrose

Principais analistas brasileiros e norte-americanos dão como certa a eleição de Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos na eleição que será realizada no próximo mês de novembro. É sempre difícil prever resultados da escolha popular naquele país porque os primeiros constituintes criaram o Colégio Eleitoral, que funciona de maneira curiosa: o candidato que vence em um estado ganha os votos de todos delegados. Desaparece a proporcionalidade. Na sua primeira eleição, Trump perdeu para Hillary Clinton no voto popular. Venceu na votação dentro do Colégio Eleitoral.

É uma distorção incrível, mas nos Estados Unidos não existe nem justiça eleitoral. Cada estado monta a eleição segundo suas tradições e suas leis. O Colégio Eleitoral, na origem, foi instituído com objetivo de defender as instituições do país e garantir que apenas pessoas honradas e qualificadas chegassem à presidência. A medida não melhorou em nada a qualidade dos presidentes norte-americanos, nem garantiu que eles pertencessem a elite nacional. George Bush Junior, por exemplo, que comandou guerras, não serviu o Exército e não era chegado a trabalhar. Gostava muito do uísque.

Donald Trump é um fenômeno na mídia. Foi apresentador de um programa de televisão que o colocou em destaque. É um milionário que se recusa a mostrar sua declaração de imposto de renda. Já foi punido por este comportamento, mas continua a agir sem dar muita atenção para as determinações judiciais. Vez por outra, ele frequenta tribunais, faz ironia com os juízes e segue sua vida. Levou documentos secretos para sua casa na Flórida e nada aconteceu a ele. Nem repreensão. Ele é um importante líder da extrema direita mundial.

É uma característica da vida nos Estados unidos. Lá o comunismo foi duramente perseguido e seu partido colocado na ilegalidade em 1954. Não há sequer o socialismo democrático no estilo europeu. No mundo do cinema, atores, diretores e redatores foram punidos com perda de emprego por terem supostamente ligações com a esquerda. O máximo em termos político-partidário que o americano chega, através do partido democrata, é o centro. Republicanos, neste momento, estão se colocando a direita, muito perto das ideias radicais dos líderes sulistas. A globalização transferiu empregos para China. Países emergentes começaram a produzir bens para o mercado norte-americano com custo mais baixo de mão de obra. A classe média pagou preço elevado desta mudança.

Grandes empresas faliram, fábricas fecharam e surgiu o chamado cinturão da ferrugem, porque os equipamentos, em diversas cidades, se deterioraram expostos ao tempo, abandonados. No outro extremo, o americano médio enxerga a veloz ascensão da China e de seus vizinhos asiáticos, entre eles o Vietnã, que foi o inimigo 50 anos atrás. Os Estados Unidos são um país belicoso, desde sua criação. Seus dirigentes descobriram que guerra dá lucro, mantem grandes empresas funcionando com largos subsídios governamentais. Atualmente, sua Marinha mantém, por exemplo, onze porta-aviões navegando pelo mundo. Cada um deles tem capacidade de ataque maior do que todas as forças armadas da América Latina juntas. Isso custa bilhões de dólares por mês. Mas eles imprimem dólares. Podem fazer dívidas à vontade. Para pagar, basta imprimir mais dinheiro.

Existe, ainda, a forte pressão para Joe Biden desistir da candidatura. Este assunto vai rolar até a convenção do partido Democrata. Os Estados Unidos se colocam na pior situação política possível. Um candidato é considerado inapto por razões de saúde. Outro é considerado culpado por crimes diversos. A ascensão irresistível da China, tanto no comércio, quanto na expansão militar, coloca o futuro da humanidade sob nuvens cinzas. A guerra nuclear não interessa a ninguém porque todos se aniquilam. Mas Trump não parece se incomodar com estes detalhes. Ele vai intervir na guerra da Ucrânia a favor da Rússia. O presidente Volodymyr Zelensky precisará procurar asilo em algum país amigo. Os palestinos deverão perder o que resta de seu país.

No Brasil, eventual vitória de Trump vai excitar toda a direita nacional. Bolsonaristas tomarão as ruas com seus bordões em favor da ditadura. O centro, se conseguir mostrar sua presença, tende a construir uma candidatura moderna, contemporânea, capaz de enfrentar os problemas atuais da humanidade. O PT não tem outro candidato, além de Lula. Haddad é um reserva já testado. A esquerda fracassou em vários países da região. Cansou o eleitor. Se surgir um candidato equilibrado, sem radicalismos de um lado e de outro, capaz de entender o mundo atual, terá possibilidade de vencer. Isto é, se Trump, antes, não destruir tudo.

 

André Gustavo Stumpf, jornalista (andregustavo10@terra.com.br)

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