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O artista na historia (por Ricardo Guedes)

A arte precede à ciência e à razão

atualizado

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Reprodução/Instagram @camilacaiye
Exposição Camila Càiyé no Cervantes
1 de 1 Exposição Camila Càiyé no Cervantes - Foto: Reprodução/Instagram @camilacaiye

A arte precede à ciência e à razão. Na saída da Idade Média, Descartes, em “O Discurso do Método”, retira a lógica social de “Deus” para o “homem”, na formulação do que se chama de “humanismo francês”. A ele, seguem-se Montesquieu com “O espírito das leis” e Rousseau com o “Contrato Social”, tirando o homem da barbárie.

O artista floresce no Renascimento, antecipando insights e tendências. Em “A flauta mágica” de Mozart, estão presentes os elementos posteriormente formulados por Freud em suas teorias. A arquitetura inovadora de Frank Loyd Wright em aço e vidros em Chicago, precede ao “modernismo” tão bem analisado por Marshall Berman em “Tudo que é sólido desmancha no ar”. Em “Guernica” de Picasso, estão expressões que podem se encontrar no “existencialismo” francês de Sartre, na angústia do amanhã.

Na passagem da Idade Média para o mundo atual, o homem separa a religião da ciência, como lógica racional. O impressionismo, o expressionismo, e a arte moderna, são formulações de tendências e de virtudes, que expressam nossos corações, e decaem em nossa razão. Quanto devem Adam Smith, Marx, Durkheim, Simmel e Weber, à Boccaccio, Cervantes, Goethe, Dostoievski e Tolstói. De tantos para tantos!

É por isto que o fascismo detesta o artista e o pensamento, inovadores que são, “out of the box”. “Quando ouço falar em cultura, lanço logo a mão em minha arma”, nas palavras de Hanns Johst, da Alemanha nazista.

Nem tudo que vem depois é melhor do que o antes. O moderno às vezes é falho. Fiquemos com a “Nona Sinfonia” de Beethoven.

O que é melhor? O “Caldeirão” do Mion, sempre meritório e repleto de qualificada tecnologia, ou o “Altas Horas” do Serginho, que acalenta os nossos corações nos sábados à noite, com generosidade e sofisticação? É o paradigma da preservação do artista, do artista para o artista, onde ele é o seu próprio protagonista. Caetano brilharia mais!

Fiquemos com o artista, o músico, o poeta, o escritor, em sua genuína criação.

Ricardo Guedes é Ph.D. em Ciências Políticas pela Universidade de Chicago

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