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Carro ligado na garagem fechada (Por Eduardo Silva)

Tudo na velha e cada vez mais perigosa corrida rumo ao “desenvolvimento”

atualizado

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1 de 1 Dia quente - Metrópoles - Foto: Igo Estrela/Metrópoles

Décadas atrás, muitas pessoas morriam por ficarem dentro de um automóvel ligado, numa garagem fechada. A venenosa descarga dos motores à combustão, e a ignorância sobre seus efeitos, eram as causas. Hoje, como o perigo é amplamente conhecido, só por acidente alguém morre nessas condições. Porém, milhões morrem anualmente no espaço fechado que constitui o planeta Terra. A ignorância é uma das causas dessa mortalidade, mas a principal é a ganância, que insiste em práticas que dão conforto a alguns e matam muitos, ameaçando matar números crescentes.

Claro, numa garagem, um só carro ligado já é mortal; no planeta, hoje são estimados 1,5 bilhão, além de outras atividades que injetam gases venenosos no ar que respiramos. As consequências são semelhantes. E o problema não se restringe ao ar.

Relatório publicado na revista New Scientist em 14/08/24 informa sobre o estado atual dos oceanos que é crítico, provocando dinâmicas nunca observadas em milhões de anos: explosão de algas, branqueamento de corais, perda de gelo nos polos, queda abrupta na quantidade de fitoplânctons (essenciais para absorver o carbono na atmosfera e alimentar a fauna marinha), redução drástica dos estoques de espécies comerciais, alteração de correntes marinhas e muito mais, caminhando para que a massa de detritos plásticos supere a dos animais marinhos! Tudo isso decorre da ganância dos que já são os mais ricos entre os humanos  e que  coloca os oceanos – que cobrem ¾ da superfície do planeta– em situação crítica. E ainda há quem negue a existência das mudanças climáticas!

Se falarmos da água doce, o problema não é menor. Para ficarmos só no Brasil, nos últimos anos o espelho d’água no território foi reduzido em 17%, e a quantidade de rios, lagoas e aquíferos cujo líquido se torna não potável, cresce rapidamente. As secas e os incêndios na Amazônia, no cerrado e no pantanal rivalizam, em horror, com as enchentes no RGS, no Paquistão e na Líbia. No planeta, os gritos de alerta aumentam de volume, ora pela falta, ora pelo excesso de água. Tantos gritos de horror deveriam provocar mudanças no modo de vida e de produção, mas são pouco ouvidos: a ganância de alguns os cala!

Ou seja, nosso modo de vida e de produzir as coisas que caracterizam o viver nesse atual século – para alguns, não para todos os humanos – já contaminou o ar e a água. E o solo?

Segundo estimativa da FAO, 34% dos solos em todo o mundo estão degradados biológica, química ou fisicamente. E a proporção cresce, entre outros fatores, em razão da camada superficial que assoreia os rios, drenada por chuvas cada vez mais fortes, levando junto químicos venenosos.

Assim, nossos confortos, e o trabalho para produzi-los, já contaminaram ar, água e solo. Basta? Não, pois também nossos corpos, e mesmo o de fetos, também estão cheios de plásticos e de químicos, injetados em nós pelas empresas que produzem arremedos de alimentos vendidos como tal, com a complacência e apoio de políticos e outros. Tudo na velha e cada vez mais perigosa corrida rumo ao “desenvolvimento”, uma das mais graves fake news em circulação.

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