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Bebendo no avião: no que apostar e o que se deve evitar

Degustar vinhos e espumantes nas alturas nem sempre é uma boa experiência, por uma série de motivos. Entenda

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Em minha última longa viagem de avião, na qual passei mais de sete horas a bordo, aproveitei para provar vinhos sofríveis e uma comida que, gentilmente, eu diria bem fraca. Na ocasião me lembrei dos motivos por que o vinho e a refeição servidos nas aeronaves parecem sempre tão ruins.

A culpa não é apenas das companhias aéreas ou mesmo da qualidade dos produtos servidos. Tudo está muito mais relacionado com a reação da nossa fisiologia ao ambiente interno dos jatos.

Dentro das cabines temos uma combinação de fatores que conspiram contra o nosso paladar e olfato, tais como o barulho, pressurização, ar seco, talheres de plástico, taças e copos pequenos e não adequados para a percepção de aromas, além do desconforto, estresse e alterações de humor advindas dessas situações.

É atribuída ao barulho interno do avião uma diminuição de 30% em nossa capacidade de perceber o doce.

Mas os grandes culpados são a secura e a pressurização. À medida que o avião viaja, é necessário que o ar da cabine seja trocado pelo externo, que é gelado e extremamente seco. Esse ar é aquecido e umidificado, mas muito pouco, porque para uma umidade maior seria necessário transportar um grande volume de água, que é muito pesada. Assim, o ar é muito mais seco do que aquele ao qual a maioria das pessoas está acostumada.

A desidratação é uma consequência dessa secura e, devido ao ressecamento da saliva, causa um grande impacto sobre a forma como percebemos o sabor, diminuindo o paladar salgado e aumentando a percepção da acidez, do amargor e da adstringência dos taninos.

O ressecamento das narinas diminui em cerca de 30% nossa eficácia em perceber aromas. É como se estivéssemos com um forte resfriado.

Dos cinco sabores básicos: salgado; doce; ácido; amargo e umami, apenas este último é reforçado positivamente. Bom para comer tomate e queijo parmesão.

Os vinhos, devido a esses fatores, parecerão mais ácidos, tânicos e amargos, menos doces e com poucos aromas. Ainda perderão sutilezas, ficando com um sabor único. O interessante é que o vinho ruim aqui no solo vai parecer menos ruim na altitude.

Na comida, a solução é a elaborar com mais sal, açúcar, temperos e pimenta. Podem observar que sempre tem um pacotinho com sal e pimenta na bandeja.

DICAS DOS VINHOS QUE DEVEMOS EVITAR NAS ALTURAS

Os vinhos tânicos e de acidez marcante devem ser deixados de lado.

DICAS DOS VINHOS QUE SE COMPORTARÃO MELHOR NAS ALTURAS

Os vinhos leves, com aromas florais e frutados, das uvas-brancas Riesling ou Sauvignon Blanc. Nas tintas de Pinot Noir, Tempranillo ou Malbec argentina.

O QUE ACONTECE COM OS ESPUMANTES?

Ficam bem prejudicados e perdem aromas devido à pressurização. Também tendem a fazer mais espuma e não formam a perlage, aquele “colar de pérolas” de bolhas que sobem lindamente do fundo até a superfície do líquido, uma vez que o gás tende a grudar nas paredes da taça.

O ÁLCOOL FAZ MAIS EFEITO DURANTE O VOO OU O EFEITO É MAIS RÁPIDO?

Se tivéssemos um bafômetro a bordo, poderíamos confirmar que a quantidade de álcool na corrente sanguínea seria a mesma se estivéssemos consumindo a mesma dose de vinho no aeroporto ou na praia.

Respondendo a pergunta, o efeito do álcool não é mais rápido nem mais intenso no interior das aeronaves, o que acontece é que o álcool reduz a capacidade do nosso sangue de absorver o oxigênio, o que, somado ao menor volume de oxigênio presente numa cabine pressurizada, provoca dor de cabeça, irritabilidade, perda de apetite, cansaço, tontura, náusea, fraqueza e falta de energia.

CONCLUSÃO
Os vinhos lá em cima não terão o mesmo sabor que no solo, mas nada acontece com o vinho na altitude de cruzeiro e na cabine pressurizada, o que muda dentro de um avião somos nós.

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