Síndrome de Guillain-Barré: conheça a doença que afeta Rochelle
A personagem de Segundo Sol foi diagnosticada esta semana. A síndrome neurológica é grave e inspira cuidados imediatos e intensos
atualizado
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No último dia 24/9, a personagem Rochelle (Giovanna Lancellotti), da novela Segundo Sol, sofreu uma queda e foi levada ao hospital por conta de várias lesões. Ao longo da semana ela foi diagnosticada com síndrome de Guillain-Barré, uma doença autoimune rara que ataca as células nervosas e acomete uma pessoa a cada cem mil.
“É uma síndrome que normalmente está associada a uma infecção viral ou à vacina — o sistema imunológico fica um pouco bagunçado e o corpo começa a produzir anticorpos contra as raízes nervosas do organismo”, explica o neurologista Cláudio Roberto Carneiro, coordenador de Neurologia do Hospital Santa Lúcia e membro titular da Sociedade Brasileira de Neurologia. O médico explica que o paciente passa a sentir uma fraqueza nas pernas e isso vai subindo, um sintoma conhecido como paralisia ascendente. “Chega aos braços e depois à área respiratória, afetando até a deglutição”, completa.
A doença progride rápido e normalmente é necessária a internação imediata em Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Em alguns casos, é preciso entubar o paciente, pois ele não consegue respirar sozinho. Entre as infecções que podem desencadear a síndrome estão doenças associadas ao HIV, dengue, por exemplo — em 2016, a Organização Mundial de Saúde (OMS) emitiu, inclusive, um alerta ao Brasil por conta do vírus zika, responsável por aumentar a incidência de Guillain-Barré no país.
Segundo Carneiro, o tratamento deve ser iniciado o mais rápido possível para estabilizar a progressão da doença e é preciso seguir a medicação e fisioterapia para melhorar os sintomas. “É uma doença muito grave, existe risco de morte e pode deixar sequelas no paciente”, conta.
Caso real
A estudante de geologia Ingrid Eva Oliveira Ribeiro, 22 anos, começou a sentir fraqueza nas pernas e dificuldade de fechar as mãos em dezembro de 2016. Não deu muita bola aos sintomas até que, ao agachar para pegar um pote de biscoito, não conseguiu levantar e acabou caindo. “Fiquei paralisada, não mexia os pés nem as mãos, cheguei de cadeira de rodas no hospital. O médico me olhou, não fez nenhum exame, e decretou que eu tinha um problema psicológico”, lembra.
Sem acreditar muito no diagnóstico, o pai de Ingrid recorreu à internet e encontrou um artigo que relacionava mononucleose — a estudante tinha tido semanas antes do começo dos sintomas — e a síndrome de Guillain-Barré. Voltaram ao hospital e foram atendidos por outro médico. “Eu já tinha piorado muito, não mexia mais os músculos da face, estava com dificuldade de respirar. Fizeram um teste de reflexo e o neurologista já me encaminhou para a UTI, suspeitando da síndrome”, conta a estudante.
Ingrid ficou duas semanas na UTI crônica, uma semana na UTI regular e mais uma semana em apartamento. Uma vez confirmado o diagnóstico, passou por plasmafarese — um procedimento que “lava” o sangue –, ficou em isolamento para não correr risco de infecção e fez tratamento com imunoglobulina. Foi melhorando rapidamente e, um mês depois da admissão no hospital, recebeu alta, mas ainda não conseguia andar. Só com muita fisioterapia e fonoaudiologia voltou à vida normal. “Uns seis meses depois eu pude me considerar 100%. Não tive sequelas graves, mas tenho hipersensibilidade quanto à temperatura nas mãos e nos pés até hoje”, explica.
Laboratório para a trama
Na novela, a personagem de Giovanna Lancelotti também ficará paralisada e precisará usar cadeiras de rodas ao sair do hospital após tratamento. Ela tem se preparado com Patrícia Carvalho, que trabalhou com Alinne Moraes, intérprete da modelo Luciana, em Viver a Vida.
Em entrevista ao O Dia, a atriz de 25 anos revelou que fez várias pesquisas na internet sobre a doença e pediu orientação ao pai e ao padrasto, ambos médicos. “Quando saíram as primeiras notícias sobre o drama da Rochelle, recebi várias mensagens no Instagram de pessoas com a síndrome”, conta.
Giovanna tem acompanhado diariamente uma menina que teve a síndrome há dois anos e segue em reabilitação. “Eu vou com ela ao SARAH, um centro de reabilitação que ela frequenta. Fui ao neurologista com ela, à fisioterapia”. Segundo a atriz, dar visibilidade ao assunto é algo a ser valorizado.
“A chance de recuperação total para quem tem a síndrome é grande. E eu acho também que a gente tem de passar essa esperança para as pessoas vivenciando isso agora”, finaliza a atriz.