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Projeto Tô no Jogo ensina tênis a pessoas com deficiência intelectual

Criado pela ex-atleta Cláudia Chabalgoity, a ideia é promover, por meio do esporte, o desenvolvimento físico e emocional

atualizado

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JP Rodrigues/ Especial para Metropoles
Brasília (DF), 23/08/2018  – Evento Semana Nacional da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla –  Local Associação Pestalozzi de Brasília – Setor de Clubes Sul Foto: JP Rodrigues/Especial
1 de 1 Brasília (DF), 23/08/2018 – Evento Semana Nacional da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla – Local Associação Pestalozzi de Brasília – Setor de Clubes Sul Foto: JP Rodrigues/Especial - Foto: JP Rodrigues/ Especial para Metropoles

Com funcionamento mental abaixo da média e baixa capacidade de compreender, concentrar-se, aprender, lembrar e realizar alguns tipos de tarefas, pessoas com deficiências intelectuais são, em geral, negligenciadas do convívio social. A condição se manifesta antes dos 18 anos e costuma deixar para trás os portadores, que sofrem com a falta de oportunidades. Porém, com a devida atenção e tratamento, esses indivíduos podem, e devem, superar as dificuldades, ter qualidade de vida e ser felizes.

Nesta Semana Nacional da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla, que acontece entre os dias 21 e 28 de agosto, contamos a história do projeto Tô no Jogo. Criado pela ex-tenista profissional Cláudia Chabalgoity, o objetivo é promover por meio do esporte o desenvolvimento físico e emocional de alunos da Associação Pestalozzi, que atende gratuitamente pessoas com deficiência intelectual e múltipla com mais de 21 anos.

Cláudia trabalhava com cadeirantes, mas, depois de fazer faculdade de psicologia, voltou sua atenção às pessoas com deficiência intelectual. “A questão de como se comporta a psicologia com o especial me interessou muito, entender qual é o tempo deles, como escutam comandos. E esse trabalho precisava ser por meio do tênis, uma bagagem que eu tinha. É praticamente um consultório ativo”, explica a ex-tenista.

Ao olhar de forma integrativa para os alunos, o objetivo é criar uma consciência e desenvolvimento por meio do esporte. Cláudia afirma esperar que eles tenham vida própria, autonomia, autoestima, conhecimento do próprio corpo e das suas habilidades para, no fim das contas, serem felizes.

“Não nos importa se eles vão jogar tênis. Estamos observando não só a questão do movimento técnico, se o braço está no lugar certo, mas também se melhorou o olhar, o foco, o sorriso, a alegria. Pegamos o que eles já têm, potencializamos e desenvolvemos. São pessoas desacreditadas, mas cada uma é um caso de sucesso dentro do seu limite”, conta Cláudia.

As aulas do Tô no Jogo acontecem duas vezes por semana. Os alunos são divididos em grupos: alguns vão ter lições de consciência corporal com a professora Isabel Nabuco, enquanto os outros aprendem fundamentos do tênis com o professor Carlos Mavignier. Por enquanto, são 23 estudantes com vários graus de deficiência, incluindo alguns diagnosticados com de síndrome de Down, esquizofrenia e autismo. “Mas não enxergamos diagnóstico, olhamos a pessoa. Chegou assim? Como podemos trabalhar?”, diz a futura psicóloga.

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O Tô no Jogo começou a funcionar em março de 2017 e as aulas acontecem na Associação Pestalozzi, no Setor de Clubes Sul
Os alunos têm vários graus de deficiência intelectual, mas Cláudia e os professores não olham diagnóstico, e sim a pessoa
Diferentemente do tênis tradicional, são comemoradas todas as pequenas vitórias individuais, que significam desenvolvimento do aluno
Há também uma parte da aula voltada à consciência corporal e relaxamento, para empoderar os alunos quanto ao próprio corpo
Um dos alunos mais animados, Luciano Araújo também pratica atletismo e se considera um atleta
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Cláudia Chabalgoity é ex-tenista profissional e encerrou sua carreira nos anos 1990, após participar do US Open e de Roland Garros, além de ter ganho duas medalhas de prata nos Jogos Pan-Americanos. A agora psicóloga é pioneira no trabalho com tenistas cadeirantes

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O Tô no Jogo começou a funcionar em março de 2017 e as aulas acontecem na Associação Pestalozzi, no Setor de Clubes Sul

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Os alunos têm vários graus de deficiência intelectual, mas Cláudia e os professores não olham diagnóstico, e sim a pessoa

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Diferentemente do tênis tradicional, são comemoradas todas as pequenas vitórias individuais, que significam desenvolvimento do aluno

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Há também uma parte da aula voltada à consciência corporal e relaxamento, para empoderar os alunos quanto ao próprio corpo

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Um dos alunos mais animados, Luciano Araújo também pratica atletismo e se considera um atleta

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Vitor Jefferson é um dos alunos mais especiais do projeto: diagnosticado com autismo severo, os professores choraram quando ele acertou a primeira bola

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Os alunos e professores do Tô no Jogo

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Uma pedagogia francesa chamada antiginástica é usada para liberar as tensões e melhorar a percepção do corpo. “Eles adoram, chamam de terapia do amor e se sentem relaxados. Alguns aprenderam e repetem em casa quando sentem dor. A ideia é que tenham um corpo mais livre para viver melhor”, explica Isabel. Antes agitados, os alunos ficam calminhos nessa parte da prática.

Além disso, as aulas do Tô no Jogo são animadas, e pequenas vitórias são muito comemoradas. O caso de Vitor Jefferson, por exemplo, já levou Cláudia às lágrimas. Diagnosticado com autismo severo, dificuldades de comunicação, visão e audição, Vitor emocionou todos os presentes quando conseguiu bater a raquete na bola pela primeira vez. “Eu chorei. É um tipo de retorno muito diferente, e ele vem se desenvolvendo bastante”, conta a estudante de psicologia.

 

Para os alunos, também é um momento lúdico e interessante na rotina semanal. “Eu gosto de jogar as bolinhas e fazer o treinamento para fortalecimento do condicionamento físico”, conta Luciano Pires, que também pratica atletismo e participa de competições entre as outras sedes da Pestalozzi ao redor do Brasil. “Eu adorei o tênis, os professores são muito legais e bons para nós. Todo mundo é muito amigo”, completa o aluno Gilberto.

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