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Novo remédio para tratamento de leishmaniose já está disponível

A doença teve 60 casos confirmados só em 2017, no DF. Novo protocolo permitido pela legislação dá opção aos veterinários e evita a eutanásia

atualizado

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cachorro animal filhote
1 de 1 cachorro animal filhote - Foto: iStock

A leishmaniose é uma doença muito conhecida pelos brasilienses. Depois de 2010, quando seis casos foram detectados em humanos e muitos cachorros tiveram o diagnóstico confirmado só no Distrito Federal, a cidade inteira aprendeu e não esqueceu mais o nome do distúrbio.

Em 2016, segundo a Secretaria de Saúde do DF, 408 casos em cães foram confirmados. Nos três primeiros meses de 2017, 60 animais já tiveram o exame positivo.

Segundo o veterinário Rafael de Souza, que atende na Clínica Veterinária Dom Bosco, no Lago Norte, infelizmente o número de casos só aumenta. Endêmica em algumas áreas como o Lago Norte, Varjão, Lago Sul, Fercal, Sobradinho II e Grande Colorado, alguns moradores viram cachorros da rua inteira serem sacrificados por conta da leishmaniose.

Na falta de tratamento, o procedimento padrão era a eutanásia. Os ministérios da Agricultura e da Saúde, inclusive, proibiam o tratamento da LVC (Leishmaniose Visceral Canina) com produtos feitos para o uso humano.

Rafaela Felicciano/Metrópoles

Em outubro de 2016 foi aprovado o primeiro tratamento específico para cães, que agora ganham uma opção. O Milteforan, da empresa Virbac, está à venda desde então. A distribuidora que atende o público do DF fica em Goiânia.

“O remédio tem como princípio ativo a miltefosina, que atua na membrana do parasita, ocasionando sua morte e evitando sua replicação. Além disso, a substância também funciona como imunomodulador, proporcionando ao paciente em tratamento a resposta imune desejada para o controle da doença”, explica Larissa Benetolo, veterinária e promotora técnica de prescrição da Virbac.

Ela conta ainda que, além da melhora clínica dos cães doentes, a carga de parasitas dos animais é diminuída consideravelmente, bloqueando a transmissão.

“A eutanásia não foi removida do rol de opções, mas agora é mais usada em casos terminais. O tratamento com Milteforan já é um padrão na Europa, mas não era autorizado no Brasil. Agora é a nossa primeira opção”, conta o veterinário Rafael.

O tratamento é realizado em ciclos de 28 dias a cada quatro meses. É preciso manter exames de monitoramento e avaliação do veterinário para ajustar as doses. Deve-se seguir com os cuidados durante toda a vida do animal. Larissa ensina que, como a doença é crônica, o cachorro é curado clinicamente, mas não fica sem os parasitas.

“Também é necessário a prevenção de novas picadas de mosquitos, com a utilização contínua de inseticidas e repelentes que tenham indicação no combate ao mosquito vetor. Isso se dá para evitar nova infecção e possível transmissão.”

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O problema do remédio é o preço. Apesar de ser um valor justo, o medicamento para tratar um animal de 40 quilos por um ciclo, por exemplo, custa mais de um salário mínimo. Fora isso, os efeitos colaterais são brandos. O animal pode apresentar vômitos e alguns precisam de uma medicação para proteger o estômago.

Sintomas e transmissão
A leishmaniose é transmitida, principalmente, pela picada do mosquito-palha (flebotomíneo). Ter contato com um animal contaminado não vai transmitir a doença nem para outro cão nem para humanos. As últimas descobertas dão conta que a LVC pode ser repassada por transfusão sanguínea e por relações sexuais.

Os sintomas da doença não são específicos. Por isso não é tão simples detectar a leishmaniose. Alguns deles são emagrecimento, aumento dos gânglios linfáticos, apatia, crescimento excessivo das unhas, falta de apetite, atrofia muscular, problemas articulares, sangramento nasal, descamação da pele, úlcera, queda de pelos, feridas que não cicatrizam, barriga inchada, olhos irritados, diarreia, vômito e sangramento intestinal.

A leishmaniose pode atingir cachorros de qualquer raça, sexo e idade. Outros animais, como gatos e alguns mamíferos silvestres, também podem ser contaminados pela doença, mas o tratamento com o Milteforan só é liberado para cães.

Rafael conta que os tutores dos animais normalmente só são bem informados sobre a doença se vivem em áreas endêmicas, conhecem alguém ou já tiveram um cão infectado. “No Plano Piloto, que não tem tanto caso, as pessoas ainda têm dúvidas. Mas a cada dia se pesquisa mais e a informação, aos poucos, vai chegando.”

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