Mycoplasma genitalium: IST resistente pode se espalhar pelo Brasil
A bactéria é transmitida durante o sexo desprotegido e preocupa médicos britânicos
atualizado
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Enquanto os números de casos de HIV e sífilis continuam aumentando entre os jovens brasileiros, outra infecção sexualmente transmissível (IST) começa a preocupar médicos e pesquisadores britânicos. A Mycoplasma genitalium é uma bactéria que ataca o trato urinário genital e afeta tanto mulheres quanto homens.
A doença não surgiu agora. Especialistas de saúde sabem da existência dela desde pelo menos 1980, mas o que a tornou centro das atenções ultimamente é a atual resistência aos antibióticos utilizados no tratamento. Uma das justificativas para isso é o uso indiscriminado de remédios, em especial os criados para eliminar bactérias.
“Outro fator é alguns pacientes não terem sintomas. Como eles não tratam, disseminam a infecção sem saber, especialmente porque muitas pessoas estão tendo relações sexuais sem proteção”, aponta o urologista do Hospital Santa Helena Rodrigo Carvalho. Cientistas estão trabalhando em uma nova forma de combater a doença, mas os médicos aconselham focar na prevenção.
A única maneira de evitar o Mycoplasma genitalium é usando camisinha (feminina ou masculina) durante o sexo. “Além disso, é possível reduzir fatores que abaixam a imunidade, como uso de cigarro e álcool. Pacientes com múltiplos parceiros correm mais risco”, fala o ginecologista Matheus Beleza, do Hospital Santa Luzia.
Quando os pacientes apresentam sintomas, geralmente são corrimento com cor e textura semelhante a pus e dor ao urinar. “Nas mulheres, pode ocorrer inflamação dos órgãos genitais e até aborto espontâneo”, alerta Rodrigo.
Na maioria dos casos, o diagnóstico é feito de maneira clínica. “Se há acometimento maior dos órgãos genitais e sistema urinário, pode ser necessário fazer uma pesquisa laboratorial da secreção para definir o melhor antibiótico”, explica Matheus.
Apesar da resistência da bactéria, o tratamento continua sendo à base de antibióticos, geralmente os de uma dose só. “É essencial fazer acompanhamento com o médico e seguir as orientações do remédio”, enfatiza o ginecologista.
Como a notificação da doença não é obrigatória no Brasil, o Ministério da Saúde não tem o número exato de pessoas infectadas no país. No entanto, estudos mostram que outras ISTs, como a clamídia e a gonorreia, ainda são mais frequentes em relação à Mycoplasma genitalium. “Não podemos esquecer: a realidade do Brasil ainda é muito diferente da Inglaterra”, informa.
Mesmo assim, o órgão está estudando mais a doença. “A identificação dos casos, incluindo os assintomáticos, e imediato tratamento são necessários para interromper a cadeia de transmissão”, ressalta o Ministério da Saúde sobre as medidas para impedir que a infecção se espalhe pelo Brasil. O órgão reforça a necessidade do uso da camisinha, oferecida de forma gratuita pelo SUS, por ser a principal forma de prevenir ISTs.