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Curtidas e seguidores não dizem nada na hora de escolher um médico

Cartilha da SBD dá diretrizes de boas práticas para dermatologistas e ensina usuários a não cair no conto do “médico influencer”

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Antes de realizar o procedimento estético que matou a bancária Lilian Quezia Calixto, em julho deste ano, Denis Furtado, o “Dr. Bumbum”, contabilizava mais de 2 milhões de seguidores em suas redes sociais. Apesar de ser otorrinolaringologista, sem qualquer especialização em cirurgia estética ou dermatologia, Geysa Leal Corrêa oferecia bioplastia em grupos de desconto pela internet. A médica é acusada de diversos erros médicos, incluindo a lipoescultura que causou a morte da pedagoga Adriana Ferreira Pinto, de 41 anos, em julho deste ano.

Denis Furtado e Geysa Leal Corrêa são exemplos de que nem sempre número de seguidores significa credibilidade médica. Para alertar a população sobre o risco de escolher profissionais pela internet, a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) lançou o Guia de Boas Práticas em Redes Sociais. Embora seja voltado para dermatologistas, o material traz boas dicas para a orientação de usuários.

Número de seguidores, curtidas, popularidade e o famoso “antes e depois” não podem ser critérios de escolha do profissional, segundo o guia da SBD. A publicação de fotos ou vídeos no modelo “antes e depois”, inclusive, é uma prática expressamente proibida pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) e publicada na Resolução 2.125/15. Promoções, pacotes, anúncios online e oferta de serviços médicos em sites de compras coletivas também são proibidos.

Saber identificar um profissional sério de uma “subcelebridade” da internet é fundamental para não cair em armadilhas. Neste sentido, a orientação da SBD é pesquisar o CRM e RQE do médico. O CRM é o número que o médico recebe para exercer a medicina, enquanto o RQE é a identificação do especialista para que sua especialidade médica seja reconhecida.

Para descobrir o CRM e o RQE do médico, basta realizar uma consulta no site oficial do Conselho Federal de Medicina (CFM).

Sergio Palma, Vice-Presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), explica que os médicos só podem realizar publicidade médica em redes sociais se seguirem as normas e resoluções do CFM e do código de ética médica. Ainda assim, a publicidade não pode ser sensacionalista ou de autopromoção. “As publicações devem ter caráter educativo, levando informações, orientações e esclarecimentos quando relacionado à saúde e aos assuntos médicos”, completa.

Além disso, Palma detalha que o profissional até pode realizar orientações simples iniciais ao paciente por canais de mídia privada, mas sempre com a recomendação que compareça brevemente à consulta presencial, “para a realização da anamnese e exame físico necessários ao bom diagnóstico e conduta terapêutica apropriada”, detalha o médico.

 

O que diz a lei
O que deve e o que não deve ser feito pelos médicos quando o assunto é propaganda e marketing foi estabelecido em 2011, por meio da Resolução 1.974/11, estabelecida para “impedir o sensacionalismo, a autopromoção, a mercantilização do ato médico, bem como abusos em publicidade que podem levar a processos ético-disciplinares.”

De acordo com o Código de Ética Médica, é proibido realizar consultas, diagnósticos ou prescrever de qualquer meio de comunicação de massa, incluindo as redes sociais. A norma se aplica, inclusive, a consultas por Skype ou outras ferramentas de teleconferência.

As punições por má conduta nas redes sociais vão de advertência, censura confidencial ou pública, até a cassação do direito de exercer a profissão.

Fernanda Seabra, dermatologista da Aliança Instituto de Oncologia, explica que as redes sociais funcionam como uma potente forma de divulgação. “Sou especialista em Cirurgia Micrográfica de Mohs (feita para tratar câncer de pele), especialidade com poucos profissionais em Brasília. As redes ajudam o paciente a me achar”, justifica.

A médica concorda, contudo, que a internet pode ameaçar a credibilidade do profissional. Entre os cuidados que toma, Fernanda Seabra enumera a separação do perfil profissional do pessoal e a regra de nunca postar fotos dos pacientes, ainda que com permissão dos mesmos. “Evito também expor meus serviços de maneira banalizada. O médico não tem que ser uma pessoa comerciável”, defende.

Para Fernanda Seabra, medidas como a apostila da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) são cada vez mais necessárias, uma vez que há uma “invasão da medicina por especialidades não-médicas”, segundo a médica. “Percebo que há um cuidado muito grande com as postagens entre os médicos nas redes sociais. É difícil apagar depois o que se posta. Nossa profissão exige ética e profissionalismo.”

Principais cuidados
Antes de escolher um profissional, a Sociedade Brasileira de Dermatologia sugere algumas precauções:

  • Tenha cautela! Não acredite em tudo que é oferecido na Internet;
  • Evite se submeter a qualquer tipo de procedimento ou serviço médico sem que haja antes uma consulta completa em ambiente adequado, com realização da anamnese e do exame físico, para que não haja danos e riscos à saúde;
  • Desconfie de perfis com promoções de serviços ou fotos de “antes e depois”. As duas práticas são extremamente condenáveis (e proibidas por lei);
  • Para a execução de tratamentos clínico-cirúrgicos, as normas mínimas para o funcionamento de consultórios médicos e dos complexos cirúrgicos para procedimentos com internação de curta permanência devem ser rigorosamente observadas, atendendo as exigências do Conselho Federal de Medicina (CFM);
  • Casas e imóveis residenciais em hipótese alguma devem ser considerados para a prática de procedimentos invasivos.

Fonte:  Guia de Boas Práticas em Redes Sociais da Sociedade Brasileira de Dermatologia

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