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Cientistas criam porcos com órgãos para transplante em humanos

Pesquisadores de Harvard usaram controversa tecnologia de engenharia genética para clonar leitões livres de vírus

atualizado

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porco em fazenda
1 de 1 porco em fazenda - Foto: iStock

Pesquisadores de uma companhia do estado americano de Massachussets que buscam tornar órgãos de suínos seguros o suficiente para serem implantados em seres humanos anunciaram na quinta-feira (10/08) um avanço científico que poderia ter benefícios significativos para quem precisa de transplantes de órgãos.

Por meio de sua empresa privada, a eGenesis, e em parceria com colaboradores chineses e dinamarqueses, estudiosos da Universidade americana de Harvard clonaram leitões livres de vírus capazes de prejudicar seres humanos.

A descoberta inédita, segundo os autores do estudo publicado na revista Science, poderia abrir caminho para o transplante de órgãos inteiros de porcos para seres humanos, sem temores de infecção pelo retrovírus suíno.

Transplantes de suínos, cujos órgãos têm tamanhos similares aos dos seres humanos, poderiam significar uma alternativa de salvar vidas de pacientes humanos diagnosticados com falência de órgãos e sem outras opções viáveis de tratamento. Uma redução no número de órgãos humanos disponíveis levou cientistas a estudarem a possibilidade de “animais doadores” para acabar com a falta de oferta.

Técnica controversa
Segundo a Science, a equipe liderada pelos geneticistas George Church e Luhan Yang utilizou a controversa tecnologia de edição genética CRISPR para conseguir o feito.

Basicamente, o CRISPR é uma sequência de DNA que consegue detectar e destruir ataques de vírus específicos. Usada na edição genética, ela pode agir como uma espécie de “tesoura” para cortar partes indesejadas de um genoma, substituindo-o por novos “fios” de DNA.

Os cientistas criaram genes de porcos que não continham o retrovírus prejudicial. Em seguida, usaram uma técnica de clonagem para produzir embriões de suínos, que foram implantados em porcas comuns. As fêmeas deram à luz os leitões clonados, que nasceram sem o vírus e serão observados para saber quais os efeitos de longo prazo do procedimento.

O processo foi criticado por vários detratores, que temem que essa tecnologia poderia abrir caminho para “upgrades genéticos” em seres humanos.

Enquanto cientistas esperavam há tempos poder transplantar órgãos de animais para seres humanos, sempre esbarraram no problema das chamadas células PERV. Segundo a Science, essas células são “remanescentes de antigas infecções virais” dos animais que poderiam prejudicar seres humanos.

A eGenesis afirma que conseguiu criar “dezenas de leitões aparentemente saudáveis, sem nenhum traço de genes PERV”, usando a técnica da sequência CRISPR.

Mas ainda é preciso ultrapassar uma barreira antes de tornar viáveis os transplantes de órgãos de porcos a seres humanos. Os pesquisadores agora estão diante da tarefa de remover material genético de leitões que possa causar uma rejeição imunológica pelos pacientes humanos.

Yang, uma das geneticistas que liderou o estudo, admitiu que os próximos passos provavelmente serão “mais desafiadores” que os que sua equipe já venceu.

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