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Campanha do Unicef busca divulgar a importância do parto normal

O Brasil é o segundo país no mundo com maior número de cesáreas. A iniciativa Quem Espera, Espera busca sensibilizar as gestantes

atualizado

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Na foto, um bebê recém nascido
1 de 1 Na foto, um bebê recém nascido - Foto: iStock

O Unicef lançou, nesta quarta-feira (19/4), uma campanha para incentivar o parto normal. A Quem Espera, Espera procura sensibilizar a sociedade sobre a importância do trabalho de parto espontâneo e a quantidade desnecessária de cesarianas.

O Brasil é o segundo país no mundo em percentual de cesarianas, com 55,5%. O indicado pela OMS é uma proporção de 15%. A iniciativa faz parte da campanha global #EarlyMomentsMatter, que tem como foco a primeira infância.

O Brasil tem se destacado pela diminuição da mortalidade de crianças com até um ano de idade (entre 1990 e 2015, a taxa caiu 73,67%), mas o número de intervenções cirúrgicas ainda é considerado muito alto.

Na rede pública, 40% dos nascimentos acontecem por meio de cesarianas — na rede particular o número é ainda maior, 84%. Entre os estados com maior índice estão Goiás e Espírito Santo (com 67% dos partos sendo cesarianas). Brasília não fica muito atrás: dos quase 45 mil partos que aconteceram em 2014 no DF, 55% foram cesáreas.

A campanha, que conta com curta-metragens estrelados pela atriz Heloísa Périssé e peças publicitárias, tenta mostrar que o trabalho de parto é bom para a mãe e para o bebê e é importante esperar a criança estar pronta para vir ao mundo. Cada semana dentro do útero aumenta as chances de o bebê nascer saudável, e são as últimas semanas as responsáveis pelo maior ganho de peso, maturidade cerebral e pulmonar.

“O trabalho de parto espontâneo é a única maneira 100% segura de saber que o bebê está pronto para nascer. Esse processo traz uma série de benefícios para a mãe e o bebê. Privá-los do trabalho de parto, por meio de cesarianas eletivas, pode gerar consequências negativas para a saúde de ambos”, explica Gary Stahl, representante do Unicef no Brasil.

Garantir o direito ao trabalho de parto espontâneo é um dos desafios atuais do país para assegurar a sobrevivência e a saúde de mulheres e seus bebês

Gary Stahl

Durante o momento que antecede o parto são liberadas substâncias que ajudam no amadurecimento final do organismo dos recém-nascidos e também hormônios que preparam a mãe para amamentar. E no caso do parto normal, a passagem no canal vaginal é responsável por várias melhorias na saúde do bebê, inclusive na formação da microbiota da criança.

Segundo pesquisas divulgadas pelo Unicef, a passagem pelo canal de parto previne, no futuro, em 20% o aparecimento de diabetes tipo 1, 16% do aparecimento de asma e de alergias e doenças autoimunes. A Quem Espera, Espera garante que o parto normal deve ser a primeira opção.

“As mulheres precisam voltar a acreditar que são capazes de parir. O excesso de intervenção gera ansiedade e medo, mas elas devem ser protagonistas na decisão”, afirma Cristina Albuquerque, chefe da área de Saúde e Desenvolvimento Infantil do Unicef no Brasil.

Segundo a pesquisa, das mulheres que nunca tiveram bebê, 28% queriam, no começo da gravidez, fazer cesárea. No final, 100% dessas mulheres conseguiram o parto com intervenção. Em contrapartida, 72% das gestantes queriam parto normal e apenas 57% delas conseguiram na rede pública. Na rede privada, apenas 21% tiveram parto natural.

É importante lembrar que só um quarto das mulheres apresenta uma condição que inspira outros cuidados. A cesárea, quando bem indicada, salva vidas. Mas ela não é um modelo de cuidado, e sim de intervenção.

Cristina Albuquerque

Parte da campanha ocorre por meio de um portal, onde as gestantes podem fazer um plano de parto, enviar seus depoimentos sobre suas próprias experiências e ajudar futuras mães a decidir sobre a importância de esperar o momento certo para o nascimento.

“Falar com gestantes requer muito tato, basta uma mulher ficar grávida para escutar um tanto de conselhos que ela não pediu. Não queríamos ser mais uma voz dizendo o que se deve ou não fazer”, explica Sophie Schonburg, VP de criação da mcgarrybowen, a empresa responsável pela campanha.

Foi feita uma pesquisa e Sophie conta que a descoberta é que existe um mar de desinformação sobre parto e as opiniões ainda são muito polarizadas. “O único consenso é que esperar o trabalho de parto é a melhor opção.” 

 

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