Brócolis pode ajudar a regular glicose no sangue de diabéticos
A responsável é uma substância chamada sulforafano, presente na verdura. Para especialista, ainda é cedo para “santificar” o alimento
atualizado
Compartilhar notícia
Coma o seu brócolis. Mesmo que você não seja fã incondicional da arvorezinha, separe um espaço para ela no seu prato. Ainda mais agora que você sabe: o alimento pode ajudar no tratamento do diabetes tipo 2. Pelo menos é o que diz um estudo publicado na revista científica Science Translational Medicine no mês passado e foi recebido com bastante entusiasmo por médicos e pela comunidade científica.
O responsável por mais essa característica do alimento — que já conta com uma vasta lista de benefícios, como concentração de fibras e vitaminas — é uma substância chamada sulforafano, que, segundo as descobertas recentes, pode ser uma via alternativa de tratamento para diabetes tipo 2 em um futuro não muito distante.
No estudo, pesquisadores atribuíram a ela uma redução de 10% nos níveis de glicose no sangue entre os participantes que receberam doses diárias de sulforafano concentrado por três meses. O estudo foi conduzido por cientistas da Universidade de Gotemburgo, na Suécia, depois que efeitos positivos do composto já haviam sido notados em camundongos.
Embora o cenário seja bem animador, no entanto, é preciso cautela. O alerta é do endocrinologista Sérgio Vêncio, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes e médico do laboratório Exame.
Remédio natural“É uma substância que vem sendo investigada há algum tempo, mas não está no mercado. E ainda é um estudo de fase dois, então levaria mais uns cinco anos para chegar ao mercado”, ele pondera. “Mas isso remete a outras coisas, como a importância da alimentação para o diabético”, complementa.
Segundo ele, os benefícios do sulforafano ainda precisam ser testados em populações maiores para que sejam comprovados. “É uma esperança de futuro para remédios mais naturais”, comenta. De acordo com o especialista, como o diabetes tipo 2 é uma doença com múltiplos fatores, muitas vezes o tratamento requer diferentes frentes, com o uso de até cinco classes diferentes de remédios.
“Se descobrirmos que o mecanismo de ação desse composto é diferente de todos os que usamos hoje e que já estão no mercado, seria muito bom”, diz.
Como ainda não se sabe a quantidade necessária para que os efeitos sejam sentidos — no estudo, os voluntários receberam uma dose correspondente a cinco quilos do alimento — é difícil dizer se aumentar a ingestão do alimento sozinho seria suficiente para gerar benefícios.
Provavelmente, um pouquinho não vai fazer efeito. Mas quem sabe dentro do brócolis não existam elementos que, a longo prazo, vão prevenir a diabetes? Assim como hoje sabemos que a ingestão de frutas e verduras previnem doenças cardiovasculares? Pode ser que, ao longo do tempo, isso faça diferença.
Sérgio Vêncio, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes e médico do laboratório Exame
Se animou com o brócolis? O especialista ensina outros cuidados com a alimentação que os diabéticos devem ter: