Botox é usado para tratamentos além da estética – inclusive no ânus
A toxina botulínica já é uma das alternativas para problemas que vão de fissura anal a depressão
atualizado
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A toxina botulínica, ou botox, é uma velha conhecida em clínicas de estética para amenizar rugas e linhas de expressão. Há, porém, mais usos para a substância que nossa vã filosofia ousa imaginar. A utilização do botox para tratar fissura anal, por exemplo, já é uma prática consolidada.
A fissura anal é uma úlcera localizada no ânus e que causa dor extrema, especialmente durante a evacuação, além de sangramento. A dor provoca contração do músculo, diminuindo a quantidade de sangue na região. Isso impede a cicatrização da fissura, que passa a doer mais, e o ciclo recomeça. É aí que o botox entra.
A toxina botulínica tem como ação principal o relaxamento dos músculos, o que aumenta o fluxo sanguíneo no canal anal e facilita a cicatrização. Consequentemente, as dores também diminuem.
Para citar mais um local inusitado para a aplicação da toxina botulínica, há quem faça o tratamento para dar uma aparência mais “jovial” ao saco escrotal. A técnica, conhecida como “scrotox”, promete diminuir o suor na região e fazer o escroto parecer maior (além de também suavizar rugas do local).
Murilo Drummond, membro efetivo da Sociedade Brasileira de Dermatologia, trabalha com a toxina botulínica há 23 anos. Além dos pés de galinha, o dermatologista explica que a substância pode ser usada para tratar hiperidrose (suor em excesso), rosácea, correção de cicatrizes menores e até enxaqueca. “A ação da toxina botulínica bloqueia a informação que nervos do local enviariam para as glândulas, sempre interrompendo a ação dos pequenos ramos nervosos locais”, detalha o médico.
Distúrbios oculares, espasmos musculares e bexiga neurogênica também entram na lista de problemas que podem ser tratados com o botox, sempre pelo mesmo mecanismo de bloqueio. “A psiquiatria tem feito trabalhos que indicam que o botox pode ser usado inclusive para melhorar sintomas da depressão”, cita Alessandra Romiti, médica dermatologista da Sociedade Brasileira de Dermatologia.
“A grande utilização na neurologia e ortopedia é a espasticidade, em que se consegue o relaxamento da musculatura com infiltração de toxina botulínica, melhorando a posição de membros em pacientes neurológicos com derrame ou paralisia cerebral ou qualquer alteração onde haja hipertonia muscular, como torcicolos”, completa Beatriz Lassance, cirurgiã plástica e membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP).