10% dos homens temem câncer de próstata, que mata um a cada 40 minutos
O preconceito invisibiliza a doença e dificulta o diagnóstico. 21% disseram não considerar o exame de toque “coisa de homem”
atualizado
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Uma pesquisa do Datafolha questionou os homens brasileiros sobre os cuidados com a saúde. O resultado mostrou que os entrevistados temem mais o câncer de forma geral (29%) e que apenas 10% se preocupam com o de próstata, segundo tipo da doença que mais atinge os homens no país, matando um a cada 40 minutos. Perde, somente, para o câncer de pele não-melanoma.
O melhor meio de diagnosticar e prevenir esse câncer é pelo exame de toque retal, que ainda é visto com muito preconceito. “A palpação da próstata permite a identificação de um dos primeiros sinais da presença de tumor: nodulação endurada”, explicou o urologista e presidente da Sociedade Brasileira de Urologia — Seccional DF, Rogério Vitiver.
A próstata está entre a bexiga e a haste peniana. Através do reto, é possível palpá-la. O urologista também conta que o procedimento dura apenas 10 segundos e que 85% dos tumores de próstata estão localizados na área acessível pelo toque retal.
Esperar sentir dor ou desconforto para fazer o exame não é recomendado. “O câncer de próstata não dá nenhum sinal de sua presença nas fases iniciais. Não há dor, sangramento ou dificuldade para urinar”, alertou o urologista.
O diagnóstico começa a ser cogitado quando se nota a presença de nódulos duros ou quando o nível de antígeno prostático específico (PSA) no sangue aparece elevado. “Quando se faz apenas o PSA, existe o risco de até 30% de haver câncer sem que o exame esteja alterado. Por isso, a importância de associarmos o PSA e o toque retal na prevenção”, ressaltou o médico.
Dos entrevistados pelo Datafolha, 21% disseram não considerar o exame “coisa de homem” e 12% apontaram vergonha e constrangimento como impeditivos. Apesar do número parecer assustador, Vitiver vê uma tendência otimista.
“As novas gerações já não encaram o exame com tanto preconceito. Campanhas de orientação e o acesso à informação nas redes sociais derrubaram muito do estigma existente”, disse.
A resistência ainda é um pouco maior em pacientes mais idosos, segundo o urologista. A observação feita pelo médico é comprovada pela pesquisa. O relatório confirma que dos homens consultados com mais 60 anos, apenas 27% fizeram o exame de toque.
O urologista disse que outros métodos estão surgindo para auxiliar o diagnóstico precoce, como a ressonância multiparamétrica da próstata e novos marcadores sanguíneos. “Entretanto, o toque retal e o PSA são de indicação universal na avaliação preventiva masculina”. De acordo com a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), a idade recomendada para que se inicie os exames de toque varia entre 45 e 50 anos.