Afinal, pode ou não pode beijar crianças na boca?
É preciso estabelecer limites nas demonstrações de carinho? E até que ponto o ato interfere na saúde física e emocional dos filhos?
atualizado
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O tema é antigo e polêmico: pais e mães dando selinhos na boca dos rebentos é ok? O mundo ainda não vê o ato carinhoso com bons olhos. Por exemplo, no documentário sobre o jogador Tom Brady, o filho mais velho, Jack, 11 anos, aparece dando um demorado beijinho nos lábios do pai. Resultado: muitas críticas nas redes sociais.
Aqui no Brasil, durante uma festa no programa BBB 18, o pai, Ayrton, deu um longo beijo na boca da filha, Ana Clara. A cena fez muitas pessoas acharem estranha a atitude do carioca. Nem mesmo com a justificativa da matriarca, Eva, a família se livrou dos julgamentos.Afinal, é preciso estabelecer limites nas demonstrações de carinho? O “selinho” ou “estalinho” divide opiniões. Uns consideram um ato natural e inocente, não vendo qualquer problema, enquanto outros repudiam esse tipo de atitude.
O grande problema, questionado por poucas pessoas, é a saúde. Vale lembrar: durante um beijo na boca, onde há o contato saliva com saliva, 80 milhões de bactérias são trocadas. Especialistas não recomendam a prática e alertam para consequências comportamentais, além de outros riscos.
“A boca é um dos locais do corpo com o maior número de bactérias, por isso é perigoso beijar os lábios das crianças, principalmente os recém-nascidos, que têm um sistema imunológico imaturo. Além da mononucleose infecciosa, mais conhecida como doença do beijo, também há risco de transmissão de outras enfermidades causadas por vírus – herpes –, bactérias – coqueluche e cárie –, ou fungos – cândida–, dentre outras.”, esclarece o ginecologista e diretor médico da Cryopraxis, Alberto D’Auria.
A psicóloga americana Charlotte Reznick afirma: crianças que recebem selinho dos pais, mesmo sendo um ato completamente inocente, podem tentar fazer o mesmo na escola com os amiguinhos. A psicopedagoga Cristina da Paz concorda e pontua que o gesto pode influenciar e mudar o comportamento infantil.
“Dificilmente crianças mais novas terão algum dano psicológico por receber beijos dos pais (não falando da parte da saúde física). No entanto, depois de uma certa idade, alguns jovens apresentam mudanças no comportamento. A confusão se dá porque a boca é uma zona erógena. Pelo costume, a criança pode repetir a ação com outras pessoas”, alerta a especialista.
A psicóloga Thais Campo Cavalcante defende as diferenças na hora de conduzir o assunto. “Os pais precisam, de forma delicada, explicar o papel do beijo entre casais e dentro da família, sempre colocando os limites devidos. Todo amor físico é de extrema importância na criação e formação dos filhos, mas, obviamente, nada parecido com os carinhos trocados entre os adultos”, explica.