87% dos médicos brasileiros usam o WhatsApp para falar com pacientes
O uso do aplicativo não é errado, o proibido é realizar consultas e oferecer diagnósticos virtualmente
atualizado
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A criança passa mal à noite, os pais enviam uma mensagem pelo WhatsApp para o pediatra, recebem a resposta, têm uma orientação do que fazer, tranquilizam-se e já marcam a consulta para o próximo dia. A situação de contato entre pacientes e médicos por aplicativos de troca de mensagens têm crescido e, segundo o último levantamento realizado pela consultoria britânica Cello Health Insight, 87% dos médicos brasileiros já adotaram o app como forma de comunicação.
O Brasil ocupa o segundo lugar da lista, ficando atrás somente da África do Sul. Nos Estados Unidos, a taxa é pequena, de apenas 4%; e no Reino Unido somente 2% aderiu. Mas, afinal, médicos podem se comunicar com pacientes pelo WhatsApp?
O Conselho Federal de Medicina publicou um parecer afirmando que não há nada de errado em médicos utilizarem o aplicativo para responder perguntas dos pacientes. Afinal, já era uma prática comum médicos atenderem telefonemas para a mesma função. Proibido é substituir a consulta e o diagnóstico presencial pelo virtual.
“Todos os regramentos dizem respeito a não substituir as consultas presenciais ou aquelas para completação diagnóstica ou evolutiva a critério de médico pela troca de informações à distância”, o conselho explica.
Ana Cristina Zollner, do Departamento Científico de Bioética da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), contou em entrevista à revista Crescer que a questão do WhatsApp já foi levantada em congressos de pediatras. Ela enxerga o aplicativo como algo para facilitar e oferecer informações mais rapidamente.
“O que nos preocupa são aquelas mães que querem fazer uma consulta pelo aplicativo. Uma foto, muitas vezes, não é o suficiente para fazer um bom diagnóstico”, adverte. Para evitar problemas de interpretação e confusões sobre o uso do WhatsApp na relação entre paciente-médico, a orientação é alinhar o assunto e fazer combinados.