Zumbido catastrófico: sintoma pode levar pessoa a tirar a própria vida
Sensação de ouvir constantemente um zumbido pode levar ao desenvolvimento de quadros de ansiedade grave, mas pode ser tratado
atualizado
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Já imaginou como seria a sua vida se você ouvisse um barulho o tempo todo? Um som constante, como um apito que nunca para? A sensação é tão perturbadora que ganhou um nome à altura: zumbido catastrófico.
O zumbido possui cinco graus de gravidade: temporário, leve, moderado, severo e catastrófico. No nível mais elevado, pode causar desespero e sensação de impotência, sentimentos que, a longo prazo, podem fazer aparecer distúrbios mentais.
De acordo com o otorrinolaringologista e especialista em zumbido Amadeu Alcântara, da clínica Otorrino DF, em alguns casos o zumbido constante pode causar até ideações suicidas.
“O que ocorre é um aumento da tensão mental, e muitos pacientes acabam desenvolvendo também bruxismo ou insônia. O zumbido fica insuportável, e alguns indivíduos acabam atentando contra a própria vida para alívio do sofrimento”, esclarece o médico.
Quem sofre com o zumbido?
O zumbido é uma sensação sonora onde o paciente escuta algo que não tem origem externa ao corpo. Ele pode ser causado por alguma doença identificável, geralmente no próprio ouvido ou na região da cabeça, ou ter explicação desconhecida.
Estimativas apontam que cerca de 14% da população adulta no mundo pode sofrer deste mal. A porcentagem representaria cerca de 750 milhões de pessoas, de acordo com um estudo de 2022 publicado na revista científica JAMA Network. “Na terceira idade, a partir dos 60 anos, esta proporção é maior, podendo chegar a até 30% da população”, afirma Alcântara.
Zumbido é uma doença?
A sensação não é considerada uma doença, e sim sintoma de algum problema, seja de natureza física ou emocional. O otorrinolaringologista aponta que os zumbidos são causados, em geral, por:
- Perda de audição;
- Transtorno metabólico (hipotireoidismo e hipertireoidismo);
- Diabetes ou pré-diabetes;
- Cervicalgia (inflamação de musculaturas do pescoço);
- Mioclonia palatal (uma contração inesperada dos músculos do céu da boca);
- Disfunção temporomandibular;
- Transtornos psiquiátricos, principalmente ansiedade e depressão.
Qual o tratamento possível?
Já que o zumbido em si não é uma doença, o processo de tratamento começa na identificação da causa do problema. Em muitos casos, o sintoma está relacionado à tensão de músculos da face ou à tensão emocional — por isso, o otorrinolaringologista recomenda se afastar de alimentos e bebidas estimulantes, como café e açúcar, durante o tratamento.
Caso seja identificada alguma inflamação ou contração, é indicado tratamento com fisioterapia, especialmente da região da mandíbula. Nas situações onde o problema tem origem mental, o paciente normalmente é aconselhado a fazer terapia e uso de medicações específicas.
Vítimas do zumbido
Vários famosos revelaram ter vivido com o zumbido. Os cantores americanos Chris Martin, líder do Coldplay, e Will.i.am, do The Black Eyed Peas, o cantor mexicano Luis Miguel e a atriz brasileira Luana Piovanni já falaram publicamente sobre o assunto.
Em junho, o filme brasileiro Tinnitus estreou nos cinemas e retrata como um zumbido catastrófico foi capaz de destruir a carreira esportiva da protagonista.
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