Ter tido zika aumenta o risco de dengue grave, diz estudo brasileiro
Segundo a pesquisa, ter tido zika antes de ser infectado pelo vírus da dengue pode ser um agravante para quadros hemorrágicos da doença
atualizado
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Já estava provado e é bastante conhecido que, após uma primeira infecção pelo vírus dengue, o risco de apresentar quadros mais graves nas infecções seguintes aumenta. Agora, pesquisadores da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (FAMERP) mostram que o zika vírus provoca efeito semelhante.
A investigação foi publicada na PLOS Neglected Tropical Diseases em 9/11. Segundo os pesquisadores, ter tido zika antes de ser infectado pelo vírus a dengue pode representar um agravante para o desenvolvimento de quadros hemorrágicos da doença. Na dengue hemorrágica, os pacientes apresentam dificuldades de coagulação sanguínea, o que pode levar a hemorragias fatais.
A dengue possuiu quatro sorotipos e cada um deles pode infectar o corpo apenas uma vez, mas a cada nova infecção, o risco de ter um quadro fatal aumenta. O novo estudo é o primeiro a trazer evidências científicas de que ter tido zika antes pode ser um agravante para uma infecção por dengue.
Como foi feito o estudo?
O estudo analisou amostras de 1.043 pacientes com dengue durante o ano de 2019 na cidade de São José do Rio Preto (no interior de São Paulo). Foram investigadas infecções prévias por zika e dengue.
As análises mostraram que pacientes com histórico de infecção por zika tinham um risco 2,34 vezes maior de desenvolver formas mais graves de dengue e um risco 3,39 vezes maior de necessitarem de internação hospitalar em comparação aos indivíduos sem histórico de dengue ou zika.
O que justifica?
O trabalho mostra, porém, que o fator agravante é diferente do verificado para os sorotipos da dengue.
Em um segundo episódio de dengue, há um aumento de carga viral já que os anticorpos produzidos na infecção anterior, ao tentar combatê-la, acabam acelerando a entrada do novos vírus nas células humanas.
Já no caso de zika, o que ocorre é que o corpo segue por um longo produzindo as defesas anteriores para combater a zika. Como elas são ineficazes, elas se acumulam no corpo levando a processos inflamatórios.
“Vimos que caso prévio por dengue, neste estudo, não foi um fator de risco para o agravamento porque acreditamos que os pacientes já estavam em terceira ou até quarta infecção. Já a infecção prévia por zika foi importante e agravante para um segundo episódio de dengue”, explica a infectologista Cássia Fernanda Estofolete, da Famerp, líder da pesquisa, em entrevista à Agência Fapesp.
Zika e dengue
Além de serem transmitidas pelo mesmo mosquito (Aedes aegypti), as duas doenças apresentam sintomas semelhantes, muitas vezes dificultando o diagnóstico. A dengue é mais grave porque, além de causar febre, dores no corpo e de cabeça, manchas na pele e indisposição, pode provocar hemorragias, levando à morte.
Já a zika provoca sintomas mais leves, porém, pode causar sérios problemas em gestantes e bebês, como a microcefalia.
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