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Vídeo. Pesquisa registra formação de coágulos em pacientes com Covid-19

Grupo da USP conseguiu documentar o surgimento de trombos na língua de pessoas infectadas pelo novo coronavírus

atualizado

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Reprodução/Youtube FAPESP
Microscópio embaixo da língua
1 de 1 Microscópio embaixo da língua - Foto: Reprodução/Youtube FAPESP

Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) de Ribeirão Preto conseguiram documentar a formação de coágulos em pequenos vasos sanguíneos embaixo da língua dos pacientes. O estudo foi publicado em versão preprint no site medRxiv e reforça pesquisas recentes que têm mostrado a coagulação sanguínea como sendo uma das reações à inflamação grave provocada pelo novo coronavírus.

A análise realizada pela equipe da USP partiu de exames feitos em 13 pacientes que precisaram ser intubados e submetidos à ventilação mecânica. “Ainda havia uma certa dúvida se esses distúrbios de coagulação seriam uma consequência do longo período de internação em UTI ou se, de fato, eram causados pela resposta inflamatória induzida pelo vírus. Mas nós conseguimos observar a formação dos microtrombos já no primeiro dia de internação”, afirma Carlos Henrique Miranda, professor do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP-USP), à Agência Fapesp.

O líder do estudo explicou que a análise foi feita na região debaixo da língua porque é uma área de fácil acesso para equipamentos de imagem em pessoas vivas, ao contrário de pulmão, por exemplo, que seria uma forma invasiva.

“Observamos nesses pequenos vasos múltiplas falhas de enchimento, ou seja, trechos sem nenhuma hemácia. Inferimos que nessas regiões existem trombos obstruindo o fluxo sanguíneo. Em alguns dos pacientes, conseguimos ver o vaso trombosando bem na nossa frente”, descreve o pesquisador.

Outra conclusão do estudo é que o distúrbio de coagulação causado pelo Sars-CoV-2 parece ter um “caráter predominantemente trombótico e muito intenso”, diferente do que se observa na sepse bacteriana.

Microtrombos afetam vários órgãos

“Esses fatores inflamatórios que levam à formação dos microtrombos são sistêmicos e, portanto, não afetam apenas o pulmão. Pode haver prejuízos em diversos órgãos. Nós conseguimos registrar os efeitos na região da língua”, explica Miranda.

Um dos locais de formação dos trombos pode ser o cérebro, como suspeita-se no caso do jornalista Rodrigo Rodrigues, que morreu nesta terça-feira (28/7), dois dias após passar por uma cirurgia para diminuir a pressão intracraniana. (Com informações da Agência FAPESP)

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