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“Venci o câncer e realizei sonho de ser mãe. Foram duas vitórias”

Depois do diagnóstico de câncer de mama, Clidinéia do Nascimento foi submetida a técnicas de oncofertilidade para dar à luz Lídia

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1 de 1 AN_0261 - Foto: Daniel Ferreira/Metrópoles

Quando recebeu a notícia de que estava com câncer de mama, em 2010, Clidinéia Inez do Nascimento, 46 anos, estava de casamento marcado com o atual marido, o vigilante Renê Paiva, 45. Na hora, não lembrou da festa, do vestido ou da cerimônia. Pensou apenas que não realizaria o desejo de ser mãe. “Quando descobri que o tratamento poderia me deixar infértil, fiquei muito triste. Ser mãe era um grande sonho”, relembra a servidora pública.

O tumor de Clidinéia estava em estágio avançado, mas, ao contrário do que ela pensou naquele primeiro momento, a possibilidade de ser mãe não estava descartada. Ela poderia submeter-se a métodos de oncofertilidade – área multidisciplinar da medicina que busca preservar a fertilidade de pacientes oncológicos. A recomendação era que congelasse os óvulos antes de iniciar a quimioterapia para que fossem usados depois que o tratamento estivesse encerrado. A recomendação da oncologista, no entanto, era que ela corresse contra o tempo.

O procedimento médico para a indução da ovulação e a coleta de óvulos durou cerca de dois meses. “Fiquei receosa do tumor crescer nesse meio tempo, mas minha vontade era tanta que procurei não pensar tanto nisso”, relata. “Só mentalizava que iria dar certo, apesar das dificuldades, inclusive as financeiras.”

Do congelamento à fertilização in vitro, Clidinéia estima que ela e o marido tenham gasto em torno de R$ 30 mil — dinheiro que havia sido reservado para a festa de casamento. Os médicos congelaram oito óvulos de Clidinéia. Em 2015, cinco anos após o diagnóstico, ela foi liberada para dar início ao sonho de se tornar mãe.

 

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Clidinéia Inez do Nascimento, 46 anos, o marido Renê Paiva, 45 e Lídia Inez, 2.
Clidinéia fez tratamento de oncofertilidade para ter a filha Lídia
"Meu maior presente", diz a mãe sobre a filha
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Clidinéia Inez do Nascimento e Lídia Inez, 2.

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Clidinéia Inez do Nascimento, 46 anos, o marido Renê Paiva, 45 e Lídia Inez, 2.

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Clidinéia fez tratamento de oncofertilidade para ter a filha Lídia

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"Meu maior presente", diz a mãe sobre a filha

Cinco dos oito óvulos congelados foram fertilizados. Dos cinco embriões, três foram transferidos para o útero da paciente e dois foram congelados novamente. A pequena Lídia Inez, hoje com dois anos e dez meses, chegou como o presente mais esperado pela mãe. “Enfrentar um câncer é um processo complicado. Mas se você tem esperança e possui um sonho, como eu tinha o de ser mãe, consegue motivação para fazer o que é necessário. Não foi fácil, mas minha filha simboliza minha vitória.”

Como funciona
Graças às taxas crescentes de sobrevivência ao câncer, o interesse pela oncofertilidade, tem ganhado cada vez mais espaço. A infertilidade oncológica, de acordo com Ana Carolina Salles, oncologista clínica do Hospital Santa Lúcia e especialista em câncer de mama, acontece por diversos fatores. A idade, o tipo de quimioterapia e a dose da medicação administrada são algumas das principais razões.

Medicamentos imunoterápicos são associados a alto risco de infertilidade, segundo a médica. A toxicidade dos remédios também atrapalha a fertilidade pós-tratamento. Salles explica que a quimioterapia destrói as células tumorais e também aquelas que se dividem rapidamente, como as células germinativas, que dão origem aos óvulos e espermatozoides. “Pode haver uma diminuição ou mesmo a morte deste tipo de célula”, reforça a médica.

Luciana Potiguara, médica especialista em reprodução humana e endoscopia ginecológica da clínica FertilCare, explica que as medicações têm ação fitotóxicas, ou seja, alteram a função ovariana, podendo levar à falência do órgão, à menopausa precoce ou a outros problemas de reprodução.

Para garantir que pacientes com câncer tenham a chance de ter filhos, o primeiro passo é realizar o congelamento de espermatozoides, óvulos, embriões ou tecido testicular e ovariano antes de dar início ao tratamento contra a doença. César Barbosa, ginecologista e diretor da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA), explica que o congelamento dos materiais biológicos pode ser feito até no mesmo dia do diagnóstico.

No caso das mulheres, antes de realizar o congelamento dos óvulos, é feito um tratamento chamado de superovulação, que induz a ovulação. O procedimento pode ser iniciado em qualquer momento do ciclo menstrual. “Essa indução leva de dez a 15 dias e faz com que a mulher libere até 15 óvulos”, explica César Barbosa.

Uma vez congelado e conservado em nitrogênio líquido, não há limite de tempo para que o óvulo seja utilizado. O que pode diminuir as chances da gravidez vingar, segundo o ginecologista, é a idade da mulher: em geral, a orientação é que a gestação ocorra antes da paciente completar 50 anos de idade.

Assim que a mulher recebe a permissão do oncologista para engravidar, César Barbosa explica que é feito o descongelamento do óvulo. Ele é, então, fertilizado e o embrião é transferido para o útero da paciente via fertilização in vitro. A taxa de sucesso do procedimento gira em torno dos 30% a 40%.

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