Vem aí: cientistas brasileiros trabalham para criar tecido anti-coronavírus
Em testes de laboratório em São Paulo, o material foi capaz de eliminar 99,9% do vírus após dois minutos de contato
atualizado
Compartilhar notícia
Um tecido de poliéster, algodão e micropartículas de prata em breve pode servir como mais uma estratégia de proteção contra o novo coronavírus. Pesquisadores brasileiros desenvolveram um material capaz de inativar o Sars-CoV-2 e pretendem lançar roupas anti-Covid-19 em julho.
O estudo, feito por meio de uma parceria entre a empresa Nanox, da USP, e a espanhola Universitat Jaume I, conseguiu resultados impressionantes. Em testes de laboratório, o material foi capaz de eliminar 99,9% da quantidade do vírus após dois minutos de contato.
O tecido é uma mistura de poliéster e algodão e contém micropartículas de prata na superfície, fixadas por meio de um processo de imersão e secagem. A técnica é chamada de pad-dry-cure.
“Já entramos com o pedido de depósito de patente da tecnologia e temos parcerias com duas tecelagens no Brasil que irão utilizá-la para a fabricação de máscaras de proteção e roupas hospitalares”, afirma Luiz Gustavo Pagotto Simões, diretor da Nanox, à Agência Fapesp.
A intenção da empresa é lançar as roupas anti-Covid-19 já em julho. No primeiro momento, elas seriam destinadas apenas aos profissionais da saúde, que estão na linha de frente no combate ao novo coronavírus.
Essas micropartículas de prata já eram fornecidas pela Nanox à indústria têxtil. A função antibacteriana e fungicida, em tecidos, evita a proliferação de fungos e bactérias causadoras de mau cheiro.
Laboratório
Os pesquisadores contaram com amostras de Sars-CoV-2 dos dois primeiros pacientes diagnosticados com Covid-19 no Hospital Israelita Albert Einstein. Os experimentos foram realizados por duas equipes diferentes de pesquisadores e em dias distintos para que a análise do resultado fosse feita de forma “cega”.
A inativação de 99,9% das cópias do novo coronavírus foi ainda mais celebrada por conta da quantidade de vírus presente. “A quantidade de vírus que colocamos nos tubos em contato com o tecido é muito superior à que uma máscara de proteção é exposta. Mesmo assim, o material foi capaz de eliminar o vírus com essa eficácia”, comemorou Lúcio Freitas Junior, pesquisador da USP.
A intenção, agora, é identificar quanto tempo dura esse efeito antiviral nas micropartículas do tecido. Em casos de fungos e bactérias, eles foram eficazes até 30 lavagens. Os pesquisadores acreditam que esse período deve ser o mesmo em relação ao vírus.