Veja os cuidados necessários para evitar que cães e gatos peguem Covid-19
Na segunda-feira (23/11), pesquisadores da UFPR anunciaram os dois primeiros diagnósticos de cachorros no Brasil
atualizado
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A divulgação dos primeiros casos de cachorros infectados com o coronavírus no Brasil deixou tutores preocupados. No entanto, de acordo com especialistas, o receio de que os bichos possam sofrer as consequências do vírus ou transmitir o Sars-CoV-2 para humanos é infundada.
O buldogue francês e o cão sem raça definida que testaram positivo para o coronavírus em Curitiba não são os primeiros animais detectados com o vírus no Brasil. Em outubro, cientistas da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), em Cuiabá, identificaram o vírus em uma gata.
Uma das principais preocupações dos tutores de cães e gatos é se os animais correm perigo ou se podem colocar os humanos em risco. Bruno Alvarenga, presidente da Câmara Técnica de Pequenos Animais do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Distrito Federal (CRMV-DF), explica que não há motivo para pânico. “Mesmo que os animais estejam se contaminando, não há evidências de que eles passem a Covid-19 para as pessoas”, frisa ele, que também é professor do Centro Universitário de Brasília (UniCeub).
Uma pesquisa feita Universidade de Granada e a Escola de Saúde Pública da Andaluzia, na Espanha, mostrou que tutores de cachorro têm 78% mais chance de serem contaminados pelo coronavírus. Isso acontece porque os animais podem se contaminar durante o passeio e carregar o vírus para casa. “Os animais em si não passam a Covid-19 nem pela saliva, nem pelas fezes ou urina”, reforça Bruno Alvarenga.
Caso o tutor teste positivo para o coronavírus, a orientação é se isolar dos pets. Isso evita que o pelo dos animais se transforme em uma superfície de contato para o vírus, contaminando outras pessoas.
Outro motivo para manter distância do pet em caso de o dono testar positivo para Covid-19 é que os humanos podem passar o vírus para os bichos. Por isso, caso alguém na casa fique doente, o ideal é se afastar dos animais para não contaminá-los. “Tudo indica que nossos pets são inofensivos nessa cadeia de contágio”, completa Fernanda Filgueiras, da Associação Nacional de Clínicos Veterinários de Pequenos Animais (Anclivepa Brasil).
Passeios seguros
Outro receio dos tutores é a hora do passeio. Afinal, é recomendado sair de casa com os animais em tempos de isolamento social? De acordo com o veterinário Bruno Alvarenga, o passeio não só é permitido como indicado, já que a saúde mental dos bichos também pode ficar comprometida. “Eles também sofrem de ansiedade”, explica Alvarenga. Sem exercícios, o especialista alerta que os pets podem desenvolver doenças como infecções urinárias, estresse e transtornos comportamentais como excesso de lambedura e de mordedura.
A primeira dica para um passeio seguro é investir em produtos específicos para a higienização dos bichos. Paulo Abilio Varella Lisboa, pesquisador do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), explica que o álcool 70, por exemplo, não deve ser usado. “É preciso limpar as patas e os focinhos, principalmente de cães e gatos que tenham acesso à rua, com um pano com água e sabão ou algum lenço umedecido próprio para higienização de animais”, ensina.
Não é preciso exagerar na frequência dos banhos, uma vez que o excesso pode ser prejudicial à pele de cães e gatos, segundo Paulo Lisboa. Também não é necessário ter medo de levar o bichinho para tomar banho em pet shops ou para consultas veterinárias. Segundo o veterinário, o cuidado existe em relação às pessoas, que devem fazer os atendimentos com hora marcada e continuar utilizando as medidas de proteção recomendadas, como distanciamento social, uso de máscara e gel para a higienização das mãos.
Por não existirem evidências de transmissão do vírus de animais para pessoas, o uso de máscaras deve ficar restrito aos humanos. Também não há estudos que evidenciem a transmissão do Sars-CoV-2 para as pessoas por meio de outros animais domésticos, como aves ou hamsters, de acordo com Paulo Lisboa. “Pessoas pegam Covid-19 de pessoas e nunca de animais.”
Não há transmissão para humanos
Uma grande preocupação dos profissionais veterinários é o abandono de animais. “Notícias falsas podem fazer com que pessoas desinformadas abandonem seus bichos. Mas não existe risco e não devemos fazer isso. Eles representam uma população vulnerável”, reforça Paulo Lisboa.
O primeiro animal infectado no mundo foi um gato, diagnosticado na Bélgica em março. Em abril, outro gato testou positivo, desta vez em Hong Kong, na China. O primeiro caso de coronavírus em cachorros foi detectado no Japão, em janeiro. Contudo, de acordo com Bruno Alvarenga, presidente da Câmara Técnica de Pequenos Animais do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Distrito Federal (CRMV-DF), é difícil saber exatamente quantos animais já foram infectados por falta de testes.
Entidades como a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), Associação Mundial de Veterinária (WVA), Associação Mundial de Clínicos Veterinários de Pequenos Animais (WSAVA), organização Internacional de Proteção Animal Mundial (World Animal Protection) e o Centro Pan-Americano de Febre Aftosa e Saúde Pública Veterinária da Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (Panaftosa-OPAS/OMS) monitoram dados sobre infecções de animais por Covid-19 no mundo.