Veja como tecnologia usada em Avatar pode diagnosticar doenças motoras
Traje de captura de movimentos pode avaliar com exatidão e rapidez o problema do paciente, o que permitiria melhor qualidade de vida
atualizado
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Além do entretenimento, a tecnologia usada para gravar Avatar, o filme de maior bilheteria da história do cinema, pode revolucionar o diagnóstico de doenças que afetam a mobilidade. O rastreio, tratamento e qualidade de vida dos pacientes com distrofia muscular, por exemplo, podem ser beneficiados com a inteligência artificial.
Segundo uma pesquisa britânica publicada na revista científica Nature Medicine em 17 de janeiro, os trajes de captura de movimento que dão vida aos personagens do filme de 2009 e na sua sequência, de 2022, podem agilizar o diagnóstico de condições motoras, o que abre portas para um tratamento mais preciso e adequado ao paciente.
O clínico geral Lucas Albanaz, do Hospital Santa Lúcia, em Brasília, destaca a importância do avanço da inovação na medicina. “A tecnologia tem um trato muito mais fino e apurado do que o olhar humano. Então, o rastreio e a avaliação de doenças vão ser muito mais precisos com essa ferramenta. É uma evolução imensa e um salto na qualidade do tratamento dos pacientes”, avalia.
Como funciona
Não é segredo que quanto mais cedo uma doença for identificada, maiores e mais eficazes são as possibilidades de tratamento. Nos problemas motores, por exemplo, o processo de diagnóstico envolve medir a velocidade e a precisão de gestos que os pacientes realizam e, por isso, os sensores de movimento podem agilizar o processo.
“O traje usado no filme mapeia, grava e registra os movimentos do corpo. Os dados vão ser colocados no plano cartesiano para analisar a orgânica e a física dos gestos, se são fluidos ou não. Isso vai ser comparado com os movimentos padrão de uma pessoa em condições normais. Se forem atividades diferentes do esperado, o médico pode entender como uma patologia”, explica o médico.
O estudo aponta que a abordagem do sistema detecta movimentos sutis que os humanos não conseguem captar. A inteligência artificial tem a capacidade de transformar os ensaios clínicos, bem como melhorar o diagnóstico e o monitoramento dos pacientes.
A análise de movimentos foi testada em pacientes com ataxia de Friedreich (FA) e distrofia muscular de Duchenne (DMD). Contudo, o estudo aponta para a possibilidade de monitorar outros problemas motores, desde condições do cérebro e sistema nervoso, até as doenças que envolvem o coração, pulmões, músculos, ossos e uma série de distúrbios psiquiátricos.
Avanços tecnológicos
Albanaz destaca que quanto mais evoluções acontecem, sejam avanços de informática ou radiologia, mais a medicina evolui no diagnóstico e tratamento. “Estamos na era dos wearables, dispositivos que você pode usar durante o dia como, por exemplo, os smartwatches, que podem monitorar sono e frequência cardíaca”, observa.
Segundo ele, o traje de Avatar é um wearable de corpo inteiro. Com o uso do dispositivo, seria mais fácil impedir a progressão de doenças como a distrofia muscular.
O médico destaca não só a possibilidade de melhora na qualidade de vida do paciente, mas também o melhor desenvolvimento de medicações. “São doenças que atingem uma pequena parte da população, o que dificulta o estudo. Com os sensores, a gente pode monitorar o paciente e verificar os efeitos que os medicamentos têm”, afirma.
Os pesquisadores buscam a aprovação para o uso da captura de movimento para testar remédios para FA e DMD no Reino Unido. Se forem aprovados, as pesquisas de eficácia do medicamentos com uso da tecnologia podem começar em dois anos. Os cientistas também estão coletando dados para verificar a possibilidae do uso dos trajes para outras doenças como Parkinson, Alzheimer e esclerose múltipla.
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