Variante do AM se espalha e já causa 64% dos casos de Covid-19 no DF
Os dados são do novo Relatório de Sequenciamento de Amostras de Sars-CoV-2, produzido pelo laboratório Lacen-DF com pesquisadores da UnB
atualizado
Compartilhar notícia
A transmissão da variante P.1 do novo coronavírus, conhecida também como variante amazônica ou variante de Manaus, está em ritmo acelerado no Distrito Federal.
De acordo com o terceiro Relatório de Sequenciamento de Amostras de Sars-CoV-2 (vírus causador da Covid-19), publicado na terça-feira (20/4), a P.1 foi encontrada em 64,44% das 45 amostras coletadas em testes do tipo RT-PCR na segunda quinzena de março.
Elas passaram por sequenciamento genômico nas dependências do Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen-DF) e do Instituto de Biologia da Universidade de Brasília (UnB) com a plataforma MinION (uma máquina fabricada em Oxford).
“A P.1 se espalha bem e, aparentemente, está dominando as outras variantes encontradas aqui”, afirmou Bergmann Ribeiro, professor do Instituto de Biologia da UnB, à frente do grupo de pesquisadores que trabalham em parceria com o Lacen-DF. “Está dominando no DF, no Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, e em vários estados”, contou o especialista em mutações de vírus ao Metrópoles.
No relatório anterior, publicado em 23 de março, a variante amazônica representava 54% dos casos analisados entre o fim de fevereiro e o início de março. A alta circulação de uma variante é uma das evidências de que o vírus pode ter sofrido mutações que o tornou mais transmissível.
Uma pesquisa feita pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) mostra que a variante pode ter uma carga viral até 10 vezes maior do que outras cepas do Sars-CoV-2. Ou seja, é mais fácil que o vírus seja transmitido para outras pessoas.
Outras variantes
A linhagem P.2, identificada pela primeira vez no Rio de Janeiro em outubro de 2020, é a segunda em maior circulação no DF, presente em 12 amostras.
Na sequência, aparecem três casos da B.1.1.28 – uma das primeiras variantes a circular no DF – e apenas uma amostra da variante inglesa (B.1.1.7), coletada em 25 de março.
O professor da UnB explica que as variantes que circulam em um mesmo local concorrem entre si para se manter em atividade. Por isso, as com mutações que a tornam mais transmissíveis, por exemplo, tendem a dominar as outras.
“Quanto mais tempo ocorrer infecções, mais variantes vão aparecer e elas estarão competindo para ver quem vai conseguir replicar mais. Por isso precisamos vacinar todo mundo ou o negócio vai pegar”, conclui Ribeiro.
Sequenciamento genômico no DF
Desde janeiro de 2021, pesquisadores da UnB e servidores do Lacen-DF firmaram uma parceria na pesquisa e execução de novos protocolos de sequenciamento de genomas de Sars-CoV-2, para garantir o monitoramento genômico vírus em circulação do DF.
Saiba como as vacinas contra Covid-19 atuam: