Vale a pena pagar para tomar a vacina quadrivalente contra a gripe?
Vacina com 4 cepas estará disponível apenas na rede privada por valores que variam entre R$ 80 e R$ 162. Dose trivalente é gratuita no SUS
atualizado
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De acordo com o Ministério da Saúde, a Campanha Nacional de Vacinação contra a gripe está prevista para começar na primeira quinzena de abril em todo o país. Os brasileiros serão imunizados gratuitamente com uma versão atualizada da vacina trivalente, que protege contra duas cepas do vírus influenza A e uma do B.
Porém, na rede privada, é oferecida a opção de imunizantes quadrivalentes, que contém mais uma cepa do influenza B, oferecendo proteção adicional. O preço médio da injeção varia de R$ 80 a R$ 130.
A partir de abril, as clínicas particulares também contarão com a Efluelda, vacina fabricada pela farmacêutica Sanofi destinada à população com 60 anos ou mais. A fórmula tem quatro vezes mais antígeno em comparação às vacinas quadrivalentes de dose padrão e tem eficácia 24% maior para idosos, em comparação com a vacina padrão. A opção contra a influenza chegará ao mercado por aproximadamente R$ 162.
Mas, se há imunizantes de graça no Sistema Único de Saúde (SUS), vale a pena pagar para tomar a vacina contra a gripe na rede privada? A diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) na Regional de São Paulo, Melissa Palmieri, avalia que sim. “Quem puder tomar, terá uma amplificação de proteção”, afirma.
De acordo com a SBIm, dois aspectos tornam a proteção adicional especialmente importante: a cocirculação das duas linhagens de influenza B em uma mesma estação, observada em todo o mundo desde 2000, e o histórico de a linhagem de influenza B contida na vacina trivalente não ter sido a predominante em 50% das temporadas de gripe.
A infectologista pondera que, quem não tiver condições de desembolsar o valor, deve se vacinar no Sistema Único de Saúde (SUS), uma vez que a opção trivalente, fabricada pelo Instituto Butantan, também oferece proteção contra a doença.
“Ao se vacinar, as pessoas com comorbidades ou imunosuprimidas se protegem da ocorrência de doença aguda, e se previnem de complicações secundárias relacionadas à infecção e piora de quadros crônicos”, afirma Melissa.
Diferença entre as vacinas
Todas as vacinas contra influenza em uso no Brasil são fabricadas com o vírus inativado (morto), que não têm capacidade de causar doença.
A opção trivalente, oferecida pelo SUS, contém uma cepa A/H1N1, uma A/H3N2 e uma B da linhagem Victoria. A quadrivalente padrão – disponível na rede privada – contém todos os vírus presentes na trivalente mais uma cepa B da linhagem Yamagata. Ambas são destinadas à população geral, com idade a partir de 6 meses.
“A composição da vacina influenza é revisada a cada ano, seguindo a orientação da Organização Mundial da Saúde (OMS), de acordo com as cepas do vírus que mais circularam nos hemisfério Norte e Sul”, informa o Ministério da Saúde.
Já a Efluelda aumenta a resposta do sistema imunológico dos idosos à vacina, particularmente contra o vírus influenza A (H3N2), mais comum e grave nesta parcela da população. Ela tem prescrição em bula apenas para o público com 60 anos ou mais.
“Esse grupo tradicionalmente responde menos às vacinas, em comparação aos demais. A nova tecnologia coloca quatro vezes mais antígeno em relação à dose padrão e o idoso produz uma melhor resposta com aumento de eficácia”, explica Melissa.
O SUS oferecerá a vacina quadrivalente?
Por enquanto, não. Mas a tendência é que nos próximos anos apenas vacinas quadrivalentes sejam produzidas. “Como ocorreu no passado, as vacinas monovalentes foram substituídas por bivalentes, e as bivalentes pelas trivalentes, de acordo com a epidemiologia”, afirma a SBIm, em nota técnica.
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