Vai viajar nas férias? Veja como evitar contaminação pelo novo coronavírus
Os viajantes devem ter atenção nas características do destino, da hospedagem e do meio de transporte escolhidos para passar as férias
atualizado
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O aumento expressivo do fluxo de pessoas nos aeroportos de todo o país mostra que a flexibilização das medidas de isolamento social e a aproximação das férias de verão estão incentivando os brasileiros a viajar. Em contrapartida, o Brasil registrou mais de 7,2 milhões de casos de Covid-19 confirmados ao longo do ano, com aumento consecutivo da média móvel de óbitos provocados pelo novo coronavírus nas últimas semanas.
Recentemente, o Centro de Prevenção e Controle de Doenças dos Estados Unidos (CDC) emitiu alerta para pessoas que pretendem viajar no fim do ano. Em nota, a entidade destaca que o deslocamento pode contribuir para a circulação e a transmissão do vírus.
Um dos pilares de transmissão do novo coronavírus é o contato com uma pessoa doente a menos dois metros, por mais de 15 minutos. A médica Ana Helena Germoglio, infectologista do Hospital Águas Claras, dá algumas dicas estratégicas para evitar o contágio.
Destino
Estudos sobre a transmissão do novo coronavírus mostram que quanto maior a ventilação natural em um ambiente menor é a probabilidade de contágio. Por isso, os turistas devem dar preferência aos destinos que oferecem opções de lazer ao ar livre, onde o distanciamento social mínimo entre pessoas é respeitado.
Pensando nisso, muitos viajantes optaram pelo litoral brasileiro para curtir as férias de verão, mas o que já se vê são praias cheias, com pessoas sem máscara e aglomeradas.
A médica do Hospital Águas Claras destaca que, apesar de menos arriscado do que em locais fechados, o perigo aumenta quando as pessoas ficam sem máscara. “É inevitável que as pessoas retirem a proteção na praia. É um ambiente onde você não tem controle sobre o outro. Se a praia estiver lotada de gente, o risco é muito grande”, diz Ana Helena.
Outra opção é viajar apenas com o núcleo familiar para um local mais reservado.
Meio de transporte
O meio de transporte mais seguro para se viajar neste momento é o carro, pelo reduzido número de passageiros e o controle sobre as pessoas que estão dividindo o mesmo ambiente. Mesmo nessa situação, alguns cuidados precisam ser tomados: manter as janelas abertas para garantir a circulação de ar e viajar apenas com gente do convívio diário.
O uso da máscara é imprescindível durante toda a viagem para passageiros de carro, ônibus ou avião. A proteção é fundamental em locais onde as pessoas ficam confinadas e não têm controle sobre os demais. “Você deve considerar que a pessoa que está ao seu lado – seja conhecido diário ou desconhecido – pode ser transmissível”, diz Ana Helena Germoglio.
Os passageiros do transporte aéreo devem realizar o check-in on-line para evitar filas e não fazer lanches ou beber água antes de chegar ao local de destino. “Além de ser uma viagem mais rápida, a vantagem do avião é que ele tem sistema de renovação do ar da cabine a cada três minutos”, destaca.
Hospedagem
Dê preferência para locais onde é possível restringir os hóspedes à família ou pessoas do núcleo domiciliar, com quem se convive diariamente, a fim de evitar o contato com outros visitantes.
Vale a pena fazer testes para Covid-19 antes de viajar?
O teste do tipo RT-PCR, considerado “padrão-ouro”, pode detectar a carga viral do Sars-CoV-2 até o 12º dia de sintomas. No entanto, resultado negativo não significa que o passageiro estará saudável no momento da viagem, pois ele pode se tornar um transmissor ou sofrer a infecção no intervalo entre a realização do exame e a entrega do resultado.
“Um paciente pode fazer o teste hoje e se tornar transmissível amanhã, no momento da viagem. Por isso, um teste negativo não chancela ninguém a não transmitir a doença e pode dar a falsa sensação de segurança, o que é muito pior porque as pessoas se expõem mais com o laudo negativo”, explica a médica.
Cuidados com pessoas vulneráveis
Quando o passeio envolve visita a idosos ou pessoas de grupos de risco, todos devem permanecer de máscara e respeitar o distanciamento mínimo de 2 metros. “Não é impossível as pessoas se encontrarem, mas tem que se tomar maiores cuidados para minimizar os riscos”, pondera a infectologista Ana Helena Germoglio.
A médica destaca que a melhor opção ainda é ficar em casa e ter paciência para enfrentar os próximos meses de pandemia. “Não existe nada que nos garanta 100% de segurança. Por mais cuidados que a gente tenha, viagens que envolvem outras pessoas se tornam um risco, especialmente em ônibus e aviões porque não sabemos se a pessoa ao lado está doente”, diz.
“A gente entende que as pessoas estão cansadas de viver em quarentena e nesta época do ano é quase inevitável elas não se juntarem. É cultural e elas estão com saudades umas das outras, mas precisamos ter responsabilidade para não pagar um preço muito alto. O Natal de hoje pode custar o Ano-Novo ou uma coisa muito preciosa no próximo ano”, conclui.