Vacinas contra Covid-19 podem alterar o ciclo menstrual. Entenda
No Reino Unido, cerca de 4 mil mulheres relataram alterações no fluxo pós-vacinação. No Brasil, 24 fizeram comunicados semelhantes
atualizado
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Após tomar uma dose de vacina contra a Covid-19, algumas mulheres ao redor do mundo têm notado modificações no ciclo menstrual. Há relatos de sangramento mais intenso, atraso na menstruação e cólicas mais desconfortáveis.
Os casos são muito raros e ainda não foi estabelecida uma relação de causalidade, mas infectologistas acreditam que tais reações adversas sejam possíveis porque as células responsáveis pela imunidade estão espalhadas por todo o corpo humano, inclusive na parede do útero. Assim, qualquer estímulo imunogênico, como vacinas, doenças graves e a própria Covid-19, pode afetar a menstruação.
“A vacina gera um estímulo imunogênico e, por isso, faz sentido que ela possa levar a alterações no ciclo menstrual de algumas mulheres”, esclarece a infectologista Ana Helena Germoglio.
A médica destaca que os sintomas não têm nenhuma relação com alteração de fertilidade, risco de aborto ou qualquer reação adversa que seja considerada grave para qualquer uma das vacinas contra a Covid-19 disponíveis.
“Mesmo que a mulher tenha o aumento do fluxo menstrual momentâneo naquele mês ou que tenha um pouco mais de cólica, isso com certeza é muito mais benéfico do que qualquer quadro da Covid-19”, afirma a especialista, ressaltando que isso não deve ser um motivo para desistir da imunização.
Outras situações que comprovadamente alteram o ciclo menstrual são: estresse, alteração de sono, prática de atividade física, uma dieta rica ou pobre em nutrientes e a própria infecção pelo novo coronavírus.
“Qualquer quadro infeccioso, seja causado por Covid-19 ou outro microrganismo, pode afetar o sistema imunológico. E quando a paciente desenvolve quadro grave da doença, ela também pode ter a supressão da menstruação. É um reflexo do organismo feminino para evitar a perda sanguínea”, esclarece Germoglio.
Casos notificados
No Reino Unido, aproximadamente 4 mil mulheres – principalmente com idades entre 30 e 49 anos – notificaram alterações semelhantes à Agência Reguladora de Medicamentos e Produtos de Saúde (MHRA), o órgão de vigilância de vacinas da Grã-Bretanha. Dessas, 2.734 disseram ter tomado a vacina da AstraZeneca; 1.158, a da Pfizer/ BioNTech; e outras 66 a dose da Moderna.
Casos como esses também foram notificados por mulheres brasileiras à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). No entanto, ainda não foi possível estabelecer relação de causalidade, ou seja, se foi a administração da vacina que provocou as alterações nos ciclos menstruais.
Ao todo, 24 ocorrências foram registradas no painel de eventos adversos da agência. Treze mulheres que receberam doses da Pfizer/BioNTech informaram eventos adversos relacionados ao ciclo menstrual, sendo 11 na faixa etária entre 18 e 44 anos e duas, entre 45 e 74 anos.
Entre as que tomaram a vacina Oxford/AstraZeneca, oito relataram as reações após a injeção – sete com idades entre 18 e 44 anos e uma na faixa etária entre 45 e 74 anos. Para a Coronavac, apenas três casos foram notificados. Todas as mulheres têm entre 18 e 44 anos.
Especialistas acreditam que o número de ocorrências pode ser muito maior porque muitas mulheres que sofrem de problemas menstruais não registram o evento adverso aos canais oficiais.
Nesta semana, a diretora-executiva da MHRA, June Raine, afirmou que a agência revisou relatórios de distúrbios menstruais e sangramento vaginal inesperado com especialistas independentes da Comissão de Medicamentos Humanos e membros de Grupo Consultivo de Especialistas em Medicamentos para a Saúde da Mulher.
A conclusão do painel foi que “a evidência atual não sugere um risco aumentado após a vacinação com as três vacinas Covid do Reino Unido”. Os especialistas também afirmam que “o número de notificações é baixo em relação ao número de mulheres que receberam a vacina até o momento e à taxa de histórico de distúrbios menstruais em geral”.
Saiba como as vacinas contra Covid-19 atuam: