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Vacinas contra Covid-19 devem chegar à rede privada só no final de 2021

Produção internacional das imunizações mais avançadas está comprometida com vários governos e fábricas nacionais são públicas

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Com os resultados positivos dos estudos clínicos das principais vacinas contra a Covid-19 sendo divulgados, fica cada vez mais claro que teremos uma imunização contra o coronavírus em breve. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o desafio agora é a distribuição.

O governo federal fechou contrato com a AstraZeneca, responsável pela vacina de Oxford, e o governo de São Paulo, com a Coronavac — a ideia é suprir o Sistema Único de Saúde (SUS) para que a população tenha acesso à vacina de forma gratuita. Porém, será possível agilizar o processo — visto que o SUS deve aplicar a vacina primeiro em grupos de risco — e comprar a imunização na rede privada?

Apesar de muita gente estar disposta a abrir a carteira e pagar pela vacina, é pouco provável que a imunização chegue na rede privada antes de ser oferecida no SUS. “Não vejo acontecendo antes do final de 2021. Provavelmente, as vacinas que forem liberadas vão suprir, inicialmente, os serviços públicos de vários países. A chegada na rede privada depende de quantas imunizações vão ser aprovadas pelos órgãos regulatórios”, explica Juarez Cunha, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).

Nada impede a rede privada de vender as vacinas: uma vez que forem aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), os medicamentos podem ser comercializados em território nacional. O problema é ter acesso às doses. No Brasil, a fabricação das vacinas até agora negociadas será feita por laboratórios públicos, Fiocruz/Bio-Manguinhos e Butantan.

As vacinas mais avançadas, como a de Oxford, a Coronavac e a da Pfizer, já têm contratos fechados com os governos de vários países e com iniciativas internacionais, como a da Organização Mundial de Saúde (OMS), que pretende garantir a vacina para os países mais pobres. Por isso, boa parte da produção das fábricas internacionais já está comprometida.

“A vacina da Pfizer, por exemplo, foi feita em parceria com uma empresa alemã. As primeiras doses vão para esses dois países. Depois devem suprir o mercado europeu, provavelmente. É muito difícil prever quando vai sobrar vacina para o nível privado”, explica Juarez.

Caso outras imunizações apresentem bons resultados, sejam aprovadas e tenham capacidade de produção suficiente poderão ser adquiridas pela iniciativa privada. Porém, este processo deve demorar um pouco, pois os estudos clínicos precisam terminar e o registro dos imunizantes ser aprovado pela Anvisa.

Rafael Jácobo, diretor técnico do Grupo Sabin, explica que a empresa tem conversado com alguns fornecedores, mas a expectativa é que o processo “não seja tão breve” e que o SUS tenha acesso primeiro à imunização. “Inclusive por questões de gestão de saúde pública. O Ministério da Saúde e as secretarias de saúde devem tomar medidas mais rápidas e priorizar o serviço público”, avalia.

O diretor médico do grupo Dasa, responsável pelo laboratório Exame, Gustavo Campana, conta que há interesse da empresa na distribuição da vacina contra a Covid-19 no mercado privado, mas este não é o foco no momento. “Estamos concentrados na condução da pesquisa clínica da vacina Covaxx. Acreditamos que é preciso ter o maior número de vacinas com eficácia e segurança para garantir a cobertura vacinal como um todo”, diz.

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