Vacinas bivalentes: como elas funcionam e protegem contra a Ômicron
Imunizantes da primeira geração só blindam contra cepa inicial do coronavírus, mas continuam eficazes para evitar doença grave e morte
atualizado
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A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou duas vacinas bivalentes contra o coronavírus, ambas fabricadas pela Pfizer/BioNTech. Os novos imunizantes são o bivalente BA.1 e o bivalente BA.4/BA.5, que são duas sublinhagens da variante Ômicron. Eles já haviam sido aprovados na União Europeia e nos Estados Unidos, mas, no Brasil, serão usados a partir de agora como dose de reforço em maiores de 12 anos.
As bivalentes recebem esse nome porque, diferentemente das monovalentes, que só tinham a cepa original do vírus, foram atualizadas para proteger também contra a variante Ômicron, que predomina atualmente no mundo.
Assim, essas novas vacinas passam pelo mesmo processo de produção, mas, além de componentes da cepa original, também levam outros ingredientes modificados para atingir a Ômicron. Diversos estudos clínicos já haviam demonstrado que as bivalentes conseguem produzir uma boa resposta imunológica contra as novas cepas, sem perder a segurança para o paciente.
“O vírus evoluiu e a cepa original sofreu tantas mutações que temos um escape imunológico da proteção das primeiras vacinas”, explica a infectologista Emy Akiyama Gouveia, do Hospital Israelita Albert Einstein. As novas versões preparam o organismo para responder melhor à nova variante.
Preocupação antiga
A atualização das vacinas é uma preocupação antiga dos cientistas. No caso das que usam a tecnologia do RNA mensageiro, como as da Pfizer/BioNTech e da Moderna, o alvo é a proteína S (spike), aquela que está na “coroa” do vírus e tem a “chave” para entrar nas células humanas. As novas variantes têm mutações justamente nessa parte do vírus. Por isso, as primeiras vacinas perderam um pouco de eficácia – embora continuem protegendo contra casos graves, reduzindo a chance de internações e mortes.
Enquanto as novas bivalentes não chegam efetivamente aos postinhos de saúde, as monovalentes ainda são a melhor prevenção contra a doença. “Quem está com doses atrasadas não deve esperar as novas vacinas para se vacinar”, frisa a médica. “Deve-se completar o esquema com as doses disponíveis”.
As vacinas de RNA mensageiro usam uma tecnologia que está em estudo há décadas. Elas são uma espécie de cópia feita em laboratório de uma parte do vírus – o RNA – que comanda a produção da proteína S. Por isso, também são relativamente fáceis de atualizar: basta conhecer a sequência genética da nova mutação.
Ao inserir esse trecho sintético de RNA no organismo, nossas células produzem essa proteína, despertando uma reação do sistema imunológico. Quando entramos em contato com o vírus, nossas defesas já estão preparadas para reconhecê-lo rapidamente.
Disponíveis na rede pública
Por enquanto, as novas vacinas bivalentes só estarão disponíveis na rede pública. Segundo um comunicado oficial da Pfizer/BioNTech, a empresa tem direcionado seus esforços aos acordos estabelecidos com os governos em todo o mundo e, neste momento, não há outras negociações em curso. (Fonte: Agência Einstein)