Vacinação contra Covid-19 para grávidas: tire suas dúvidas
Está grávida? Tomou a primeira dose? Entenda quais são as recomendações vigentes para a imunização contra Covid-19
atualizado
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A atual fase de campanha de vacinação contra Covid-19 no Brasil, orientada pelo Plano Nacional de Imunização(PNI), prevê a imunização de gestantes acima de 18 anos de idade com comorbidades.
No entanto, em 10/05, o caso de uma mulher grávida que desenvolveu trombose e morreu após receber a vacina Oxford/AstraZeneca fez com que vários estados interrompessem a vacinação do grupo. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária determinou a suspensão do uso do imunizante em gestantes e puérperas até que a investigação fosse esclarecida.
“É importante ressaltar que a suspensão do uso da vacina AstraZeneca para gestantes foi uma medida de precaução. Trata-se de um caso isolado, que ainda está sendo investigado”, explica Flávia Bravo, médica pediatra e diretora da Comissão de Revisão de Calendários de Vacinação da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).
Atualmente, a vacinação das grávidas com comorbidades foi retomada. No entanto, estão sendo usadas apenas as vacinas Coronavac e Pfizer.
Veja perguntas e respostas sobre a vacinação de grávidas:
A Covid-19 pode afetar mulheres grávidas de forma mais severa?
A gravidez, naturalmente, representa uma modificação fisiológica que torna as gestantes mais suscetíveis a desenvolver doenças respiratórias e pode representar um risco maior para eventos de trombose. Tendo isso em consideração, elas podem sim desenvolver quadros mais graves da doença.
É seguro se vacinar durante a gestação?
Sim, é seguro e recomendado desde que sejam vacinas já aprovadas. Existe um Calendário de Vacinação para gestantes recomendado pela SBIm. No caso da imunização contra Covid-19, às gestantes e puérperas devem avaliar junto ao médico que está fazendo o acompanhamento se o benefício se sobrepõe aos riscos.
Para quem está grávida e tomou a primeira dose da vacina Oxford/AstraZeneca, qual deve ser o procedimento?
As gestantes e puérperas que já tenham recebido a primeira dose da vacina Oxford/AstraZeneca deverão aguardar o término do período da gestação e puerpério (até 45 dias pós parto) para a administração da segunda dose da vacina.
Aquelas que receberam a primeira dose de outra vacina contra Covid-19 que não contenha vetor viral (Sinovac/Butantan ou Pfizer) deverão completar o esquema com a mesma vacina nos intervalos recomendados.
Por que nenhum dos ensaios clínicos para as principais vacinas da Covid-19 incluiu grávidas?
Por questões de segurança e ética. Vacinas que ainda não foram aprovadas não são testadas em gestantes. Nenhuma das vacinas em uso atualmente, tanto no Brasil como no mundo, incluiu gestantes nos estudos de fase 3.
O que ocorre é, por vezes, uma aplicação inadvertida, quando é feita a imunização de voluntárias de estudos clínicos que não sabiam ainda da gravidez. Nestes casos, mãe e bebê são acompanhados e os dados são estudados.
No entanto, é importante lembrar que antes de serem realizados testes em humanos, são realizados estudos em cobaias, inclusive gestantes.
Qual é a relação entre as vacinas contra a Covid-19 e a trombose para grávidas?
Naturalmente, a gravidez já representa uma modificação fisiológica que pode representar um risco maior para eventos de trombose e sangramento. Existem evidências de que a infecção por Covid-19 aumenta a incidência de eventos de trombose, o que torna esse risco aumentado para as gestantes.
Por que as gestantes não foram incluídas nos grupos prioritários desde o início da campanha de imunização contra a Covid-19?
Não havia evidência inicial para incluí-las como grupo de risco. No entanto, essa situação mudou com a presença de gestantes nos casos reportados de síndrome respiratória aguda grave.
No Brasil, entre 01 de janeiro de 2021 e 10 de maio de 2021 (segundo os dados da NOTA TÉCNICA No 627/2021-CGPNI/DEIDT/SVS/MS) foram notificados 6.416 casos de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) em gestantes (257,87 casos por 100.000 gestantes), 4.103 foram confirmados como Covid-19 (167,91 casos por 100.000 gestantes).
Do total de casos de SRAG em gestantes, 505 resultaram em mortes (20,30 óbitos por 100.000 gestantes), 475 dos quais foram confirmados para Covid-19 (19,09 óbitos por 100.000 gestantes). Estas estatísticas permitiram identificar a necessidade de priorizar a imunização do grupo.
Quem pretende engravidar deve esperar para tomar a vacina ou não?
“Esta é uma decisão individual, que deve ser discutida com o médico da mulher que deseja engravidar. No entanto, na minha avaliação pessoal, é importante entender os riscos, e recomendaria se esperar pela vacina antes de engravidar”, diz Flávia Bravo.
A especialista ressalta que, ainda que seja feita a imunização, as gestantes devem manter medidas de proteção como higiene das mãos, uso de máscaras e distanciamento social.