Vacina para Covid-19 no DF é alento para voluntários com rotina angustiante
Imersos num cotidiano estressante, os profissionais da linha de frente que receberam a dose demonstraram esperança de dias melhores no país
atualizado
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Receber uma injeção da vacina contra Covid-19 do laboratório Sinovac Biotech tem sido uma renovação de ânimo para os voluntários do DF. Imersos em um ambiente pesado na linha de frente contra o novo coronavírus, os 10 primeiros a participar da terceira fase de testes exibiram perfis comuns de cansaço, angústia e exaustão antes do alento da vacina.
Ao deixar o ambulatório 2 do Hospital Universitário de Brasília (HUB) nessa quarta (5/8) e quinta-feira (6/8), os voluntários externaram o sentimento. Nem todos, porém, quiseram ou tiveram condições de falar sobre a experiência. Houve quem saiu direto de um plantão para receber a vacina e preferiu ir para casa. Os que aceitaram descrever o momento, admitiram ter de lidar todos os dias com a fadiga psicológica.
“Estamos na linha de frente vendo o sofrimento dos pacientes. É jovem, idoso, o vírus não escolhe idade, sexo ou comorbidades. É muito angustiante estar na ponta sem saber como combater”, afirmou o médico Gabriel Ravazzi, 31 anos, o primeiro a receber a dose.
A enfermeira Mariana Rodriguez da Silva, 29 anos, foi a segunda voluntária. A servidora do Hospital Universitário de Brasília contou que havia acabado de deixar um plantão de 12 horas. Situação semelhante a de outros dois voluntários que, cansados, preferiram não dar entrevistas.
Joelma de Souza, 36 anos e técnica de enfermagem, se emocionou após receber a candidata à vacina. “A cada dia que passa é maior o número de profissionais de saúde que vêm a óbito. Inclusive, eu tive colegas do Hran. Tenho otimismo e acredito que vai dar certo. A minha intenção é que a ciência comprove com resultados positivos. Que possa liberar a economia do país e melhorar a saúde das pessoas”.
Tomada de decisão
Última a receber a dose da Coronavac na quarta, a médica Larissa Bragança, 33 anos, explicou o motivo de ter se voluntariado. “Foi surpreendente ver o o quão difícil é lidar com essa doença, com a gravidade dos pacientes. Eu já trabalhava em pronto-socorro, com pacientes graves, mas a Covid-19 é horrível. Nunca perdemos tanto paciente como para essa doença, nós nos sentimos impotentes. Já que estou bem, não fiquei doente até agora, e posso ajudar um pouco mais, decidi participar”, conta a médica.
“O prazer de estar aqui nessa contribuição é muito maior do que todo esse cansaço. Vale a pena e vai dar certo. Estou muito esperançosa”, afirmou a fisioterapeuta Magali Oliveira, 40 anos. Foi ela quem abriu o segundo dia de testes da vacina no DF, nessa quinta-feira.