Vacina não impede reinfecção, como a de Doria, mas evita casos graves
Governador de São Paulo foi reinfectado pelo coronavírus após receber duas doses da Coronavac e levantou dúvidas sobre eficácia das vacinas
atualizado
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O governador de São Paulo João Doria Jr. (PSDB) revelou, nesta quinta-feira (15/7), que foi diagnosticado com a Covid-19 pela segunda vez — a primeira infecção aconteceu em agosto de 2020. Em junho deste ano ele recebeu a segunda dose da vacina Coronavac, produzida pelo Instituto Butantan em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac.
Em suas redes sociais, o governador disse estar se sentindo bem e atribuiu sua proteção contra o vírus à vacina do Butantan. A reinfecção, no entanto, gerou uma onda de dúvidas sobre a eficiência dos imunizantes aprovados no país.
Estou me sentindo muito bem, disposto e tenho convicção que estou sendo protegido contra o agravamento da doença pela vacina do Butantan, a qual já tomei as duas doses.
Eu, como milhões de pessoas, fui protegido graças à vacina.— João Doria (@jdoriajr) July 15, 2021
Uma série de estudos mostra que ainda não há no mundo uma vacina 100% eficaz no bloqueio à contaminação pelo vírus, por isso os casos de infecção continuam acontecendo.
Por outro lado, os imunizantes têm se revelado determinantes para evitar o agravamento da doença, diminuindo a incidência de hospitalizações e de óbitos em decorrência do coronavírus. Ou seja: ainda que a pessoa seja infectada depois da vacina, há poucas chances de que o quadro evolua para uma situação grave.
Se somam à defesa dos imunizantes os estudos clínicos sobre a eficiência de vacinas contra as variantes do coronavírus. O mais recente estudo científico de fase 3 – que possibilita o registro e aprovação para uso comercial do novo medicamento ou procedimento – realizado pelo Instituto Butantan sobre a eficácia da Coronavac apontou que a proteção pode chegar a 62,3% para casos leves, moderados e graves da doença quando o espaço entre as duas doses é igual ou superior a 21 dias.
No mesmo artigo, que foi publicado na plataforma de pré-print da revista científica The Lancet em abril, os pesquisadores indicam que a Coronavac é capaz de proteger também contra as variantes P.1 e P.2 do coronavírus.
Ainda reforçando a eficácia da vacina do Butantan, um amplo estudo realizado no Chile no início de julho, e também o primeiro do mundo desse porte a publicar em periódico científico conceituado, comprovou que entre os que foram imunizados com as duas doses da Coronavac, a eficácia da vacina é de 65,9% para a prevenção da Covid-19, de 87,5% para a prevenção da hospitalização, de 90,3% para a prevenção de internações em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), e de 86,3% para a prevenção de morte causada pelo vírus.
Em outra frente pioneira, uma pesquisa do Instituto Butantan no município de Serrana (SP) com a Coronavac indicou que, a partir da imunização completa, com intervalo de 28 dias, de toda a população adulta (ou 27 mil moradores), os casos sintomáticos de Covid-19 despencaram em 80%; as internações diminuíram em 86%, e as mortes foram reduzidas em 95% após a segunda vacinação do último grupo.
Segundo levantamento da AFP, para as outras vacinas aprovadas no Brasil, os índices de eficácia alcançados são de 95% para Pfizer/BioNTech, 82% para a AstraZeneca e 66,9% para a Janssen.
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