Vacina de RNA tem bons resultados contra câncer de pâncreas, diz estudo
Em parceria com a farmacêutica BioNTech, pesquisadores americanos conseguiram evitar a remissão do câncer em metade dos participantes
atualizado
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Durante a pandemia de Covid-19, a comunidade científica precisava de respostas e alternativas rápidas para produzir vacinas que funcionassem bem contra o coronavírus. A iniciativa de maior sucesso foi o imunizante de RNA, produzido pelas farmacêuticas BioNTech e Pfizer.
Agora, um pequeno estudo publicado nesta quarta (10/5) na revista científica Nature, uma das mais importantes do mundo, sugere que a tecnologia também pode ser usada contra um dos cânceres mais agressivos conhecidos: o de pâncreas. O levantamento tinha sido apresentado preliminarmente em junho de 2022 no encontro anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO), mas agora passou pela revisão de especialistas.
Os cientistas do Memorial Sloan Kettering Cancer Center, em New York, nos Estados Unidos, extraíram tumores de 16 pacientes como parte do tratamento, e enviaram para a BioNTech. A empresa alemã analisou as proteínas e, com as informações genéticas descobertas, criou uma vacina de RNA que foi capaz de ensinar o organismo de metade dos participantes a lutar contra remissões.
O câncer de pâncreas é conhecido por voltar até mesmo depois de retirado cirurgicamente. Na metade dos pacientes que teve resposta imunológica depois da vacina, a doença não reapareceu durante os 18 meses que foram acompanhados. Já nos outros oito participantes, o câncer ressurgiu 13 meses depois da cirurgia.
Todos os pacientes também passaram por quimioterapia e usaram um remédio para evitar que o tumor voltasse. Por isso, os pesquisadores não são capazes de dizer com toda a certeza que o sucesso do estudo é por conta da vacina. Ainda assim, o avanço é considerado “extremamente promissor” pela comunidade científica, já que abre portas para o tratamento de um câncer de difícil manejo.
“É a primeira vez que conseguimos demonstrar sucesso — e eu vou chamar de sucesso, apesar da natureza preliminar do estudo — de uma vacina de RNA em câncer pancreático“, diz o médico Anirban Maitra, pesquisador do MD Anderson Cancer Center, na Universidade do Texas, que não esteve envolvido no levantamento, em entrevista ao jornal The New York Times.
Ainda assim, há dois grandes desafios a serem driblados: o preço alto da vacina, que começou custando 350 mil dólares por dose, e hoje custa cerca de 100 mil dólares; e o tempo de produção, que foi de nove semanas para os participantes do estudo, mas os cientistas da BioNTech pretendem baixar o prazo para um mês.
Os responsáveis pela pesquisa pretendem continuar acompanhando os pacientes e fazer estudos de fase 2 e 3 para verificar a eficácia e viabilidade do tratamento em grupos maiores de participantes.
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