Vacina de Oxford passará por avaliação de regulador sanitário britânico
Pesquisa foi criticada por especialistas por apresentar dados inconsistentes. Produção só poderá começar após resultados da análise extra
atualizado
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Os erros apontados pela comunidade científica na produção da vacina Oxford/AstraZeneca fizeram com que o governo britânico anunciasse, nesta sexta-feira (27/11), que o medicamento terá que ser examinado pela Autoridade de Regulamentação Sanitária de Medicamentos (MHRA, na sigla em inglês).
Matt Hancock, ministro da Saúde do Reino Unido, divulgou um comunicado em que confirmou o pedido de avaliação da vacina. Segundo o texto, “é preciso determinar se [a vacina] atende a normas de segurança rigorosas”. Somente se o imunizante for aprovado pela MHRA seguirá para a etapa de produção.
O órgão regulatório já começou a revisão da vacina. O governo britânico, contudo, afirmou que “não há razão para preocupação com os dados dos estudos clínicos da vacina”, uma vez que qualquer dúvida a respeito da segurança e da eficácia do medicamento será esclarecida na análise, feita de forma independente.
A vacina é uma das principais apostas do governo brasileiro e tem até previsão de distribuição: entre dezembro de 2020 e janeiro de 2021. A estimativa é de que o governo invista R$ 1,9 bilhão para produção de 100 milhões de doses.
Em um comunicado conjunto divulgado na segunda-feira (23/11), o laboratório e a universidade anunciaram em um comunicado que a vacina alcançou eficácia entre 62% e 90% contra a Covid-19 na fase 3 dos ensaios clínicos.
A vacina foi administrada de duas maneiras diferentes. Um grupo de voluntários recebeu metade de uma dose e, um mês depois, uma dose completa. Outro grupo recebeu duas doses completas.
De acordo com o documento divulgado pela farmacêutica, o primeiro modo apresentou os melhores resultados, com 90% de eficácia. Já o segundo teria demonstrado eficácia menor, de 62%. Os cientistas não souberam explicar o motivo da diferença.
Novos testes
Na quinta-feira (26/11), a farmacêutica anunciou que realizará novos testes que não estavam previstos no cronograma inicial. A nova pesquisa testará a eficácia da aplicação de uma dosagem menor da vacina.
“Agora que nós descobrimos o que é mais eficaz nós temos de validar, então precisaremos de um estudo adicional”, afirmou o CEO da AstraZeneca, Pascal Soriot, em entrevista a jornalistas, segundo o jornal britânico The Telegraph.
Apesar de divulgado como um “golpe de sorte”, os pesquisadores admitiram que a discrepância de resultados foi, na verdade, um erro. Não fazia parte dos planos testar uma dose e meia da vacina em voluntários: a aplicação da dose menor foi feita em 2,8 mil pessoas no Reino Unido por engano.