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Vacina da dengue: entenda etapas até a aprovação e como ela funciona

Imunizante foi liberado para ser usado por pessoas de 4 a 60 anos de idade e deve ser administrado em duas doses, com intervalo de 3 meses

atualizado

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1 de 1 Imagem mostra mosquito Aedes Aegypiti na pele de uma pessoa - Metrópoles - Foto: Getty Images/Reprodução

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou uma nova vacina contra a dengue no Brasil – trata-se da Qdenga, da farmacêutica Takeda, que promove proteção contra os quatro sorotipos do vírus. A doença matou mais de 1 mil pessoas em 2022 (o maior índice desde 2015, quando 986 pessoas morreram de dengue) e alcançou quase 1,5 milhão de casos prováveis no ano passado, segundo dados do Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde.

A dengue é uma infecção viral transmitida pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti e representa um grande problema de saúde pública não apenas no Brasil, mas em vários países da América Latina. Existem quatro sorotipos diferentes do vírus e a recuperação da infeção por um sorotipo proporciona imunidade vitalícia apenas contra ele. A exposição posterior a qualquer dos outros sorotipos pode estar associada a um risco aumentado de doença grave, por isso a importância de uma vacina.

Uma das formas de evitar a transmissão é o controle do mosquito vetor – evitando deixar água parada em recipientes, pneus, vasos. A vacinação acaba sendo mais uma ferramenta na busca pelo controle da doença, que continua causando epidemia no Brasil. São anos de estudo em busca de um imunizante que seja eficaz.

Como funciona a nova vacina

A Qdenga é uma vacina que se baseia no sorotipo 2 do vírus atenuado da dengue (quando o vírus permanece vivo, mas enfraquecido, sem capacidade de causar a doença, assim como acontece nas vacinas contra caxumba, febre amarela, poliomielite oral e sarampo). Segundo a Takeda, a base do sorotipo 2 do vírus fornece o “esqueleto” genético para os outros sorotipos do vírus, assim o imunizante consegue proteger contra qualquer um deles.

A vacina foi aprovada para ser usada em qualquer pessoa de 4 a 60 anos e deve ser administrada por via subcutânea, em duas doses, com intervalo de três meses entre elas. Segundo a farmacêutica, a eficácia foi demonstrada a partir da primeira dose, sendo ampliada com o reforço. Mas, assim como acontece com outras vacinas, as pesquisas indicaram uma diminuição da eficácia no segundo ano de seguimento após a vacinação (24 meses) e, por isso, a farmacêutica está avaliando a necessidade de uma dose de reforço após 4,5 anos.

“Essa avaliação está em andamento, mas ainda não podemos concluir se será necessário o reforço, uma vez que a vacina continuou demonstrando significativa redução de hospitalizações (84%) e de casos gerais de dengue (61,2%), mesmo após seguimento de 4,5 anos, com o esquema primário preconizado. De qualquer forma, a Takeda seguirá avaliando uma potencial necessidade de dose de reforço”, informou o laboratório em nota.

Para desenvolver o imunizante, foram feitos 19 estudos de fases 1, 2 e 3 envolvendo mais de 28 mil pessoas (crianças e adultos) em áreas endêmicas e não endêmicas. Todos foram acompanhados por quatro anos e meio. Os resultados apontam que a vacina atingiu seu objetivo primário de eficácia, que variou por sorotipo do vírus da dengue. Mas, segundo a fabricante, as análises mostram que ao longo do seguimento de quatro anos e meio, a vacina evitou 84% dos casos de hospitalização de dengue e 61% dos casos de dengue sintomática na população total do estudo.

Vantagens em relação às anteriores

A principal vantagem dessa vacina em relação ao imunizante já existente é que ela pode ser aplicada em qualquer pessoa entre 4 e 60 anos sem a necessidade da realização de um teste pré-vacinação para saber se a pessoa já se contaminou pelo vírus anteriormente.

“A aprovação dessa vacina é muito importante porque vai proteger contra uma doença bastante prevalente e frequente no nosso meio. É um imunizante bastante seguro e eficaz para essa faixa etária que foi aprovado. Além disso ela não tem o inconveniente que a outra vacina tem que poderia trazer um risco aumentado para quem nunca tivesse sido infectado anteriormente”, afirmou Alfredo Elias Gilio, infectologista pediátrico e coordenador da Clínica de Imunizações do Hospital Israelita Albert Einstein.

Por enquanto a Qdenga ainda não está disponível no Brasil e o próximo passo é a definição de preço que será feita pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos, órgão interministerial, ligado à Anvisa. Segundo a Takeda, é necessário aguardar a finalização desse processo para seguir com a importação do imunizante e com a comercialização para clínicas de saúde.  (Fonte: Agência Einstein)

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