Vacina da Covid: cientistas avaliam 3ª dose para pacientes com baixa imunidade
Estudos preliminares apontam que reforço da vacina contra a Covid-19 beneficia pacientes de câncer ou que receberam transplante de órgãos
atualizado
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Existem diversas causas para o comprometimento do sistema imune: determinados tipos de câncer, transplantes de órgãos, doença hepática crônica, uso de alguns medicamentos imunossupressores por pacientes com artrite reumatoide ou psoríase são algumas delas.
Em alguns desses casos, as duas doses de vacina contra a Covid-19 não são suficientes para estimular o sistema imunológico e, por isso, pesquisadores estão avaliando a aplicação da terceira dose como um reforço.
Cientistas dos Estados Unidos, no entanto, reclamam que não há um esforço nacional das agências federais e fabricantes de vacinas para testar essa abordagem, frustrando o avanço das pesquisas devido aos limites de acesso às vacinas.
“Deveria haver um estudo nacional examinando pacientes pós-transplante recebendo doses de reforço. Não deveria ser nossa pequena equipe tentando descobrir isso”, criticou Balazs Halmos, oncologista do Centro Médico Montefiore em Nova York, em entrevista ao jornal The New York Times. Ele liderou um estudo mostrando que alguns pacientes com câncer não responderam às primeiras doses de imunizantes.
Na França, por outro lado, os profissionais de saúde já adotaram a prática de aplicar uma terceira dose da vacina, mas somente naquelas pessoas que comprovam possuir determinadas condições imunológicas.
De acordo com um grupo de pesquisadores franceses, a medida sinalizou benefícios para essas pessoas. O número de pacientes que receberam transplantes de órgãos e desenvolveram anticorpos contra a Covid-19 aumentou para 68% um mês após a terceira dose, enquanto apenas 40% tiveram esse resultado após a segunda.
Porém, nem todas as pessoas imunocomprometidas têm problemas para desenvolver anticorpos após as duas doses de vacina. Por isso, é imprescindível realizar mais pesquisas para determinar quem precisa e o número de vacinas necessárias.
A falta de atenção para essas pessoas é grave, pois além de se contaminarem, há evidências científicas de que a baixa imunidade possibilita a replicação do coronavírus no corpo por longos períodos, podendo gerar, inclusive, novas variantes.
Iniciativas preliminares
Algumas farmacêuticas americanas estão se preparando para testar a terceira dose em pacientes imunocomprometidos. A Moderna fará o teste com 120 receptores de transplantes de órgãos. Por sua vez, a Pfizer planeja estudar 180 adultos e 180 crianças com problemas imunológicos.
No Brasil, a Anvisa decidiu no mês passado autorizar um estudo clínico para avaliar a eficácia da terceira dose de vacina da Pfizer/BioNTech. Neste estudo devem participar pessoas de diferentes grupos etários maiores de 16 anos que tomaram previamente as duas doses do imunizante há pelo menos seis meses.
Olhando para os pacientes de câncer, estudos sugeriram que essas pessoas não responderiam bem às vacinas, mas as análises foram realizadas quando os pacientes receberam apenas uma dose.
Neste mês, um novo estudo afastou essa apreensão. Publicada pela equipe de Halmos com uma análise mais ampla, a pesquisa indicou que as vacinas funcionam bem mesmo nos pacientes com uma ampla gama de tumores sólidos e líquidos. Porém, 15% dos participantes da pesquisa que tinham câncer e 30% daqueles que tomaram medicamentos que suprimem o sistema imunológico não apresentaram anticorpos detectáveis após a segunda dose.
Segundo Halmos, a pesquisa agora quer avançar para o teste de uma terceira dose, que o time aposta ser um benefício para essas pessoas, ainda não conseguiu acesso às vacinas.
Mesmo assim, a abordagem da terceira dose vem ganhando amplo apoio entre os pesquisadores como um reforço imunológico. A estratégia também é reiterada pelo fato de que os imunocomprometidos recebem essas doses extras de outras vacinas, como hepatite B e influenza, por exemplo.
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