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Afinal, é perigoso tomar a vacina contra a febre amarela?

Em São Paulo, casos de morte por reações adversas à imunização assustaram população. Especialistas, no entanto, atestam segurança da vacina

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ALEX DE JESUS/O TEMPO/ESTADÃO CONTEÚDO
SURTO DA FEBRE AMARELA EM MINAS
1 de 1 SURTO DA FEBRE AMARELA EM MINAS - Foto: ALEX DE JESUS/O TEMPO/ESTADÃO CONTEÚDO

As mortes por febre amarela se multiplicam a cada semana. Desde julho do ano passado até agora, foram 53 casos registrados, segundo o Ministério da Saúde. Porém, outra estatística tem alarmado a população: o aumento de vítimas fatais após a aplicação da vacina contra a doença.

Nas últimas semanas, duas pessoas morreram em São Paulo depois de terem sido imunizadas. Outros seis casos no estado ainda estão sob investigação. Mas, segundo especialistas, os episódios são isolados e não devem amedrontar a população na hora de procurar os postos de saúde.

A hipótese mais provável para essas fatalidades em São Paulo é a de falha na triagem pré-imunização.

A vacina contra a gripe, por exemplo, é mais moderna e feita apenas com uma proteína do vírus. Já a da febre amarela, embora seja considerada segura, é produzida a partir do vírus atenuado. Ou seja, quando o organismo causador da doença, apesar de adormecido, encontra-se vivo dentro da fórmula.

Por isso, devem evitá-la indivíduos imunodeprimidos ou alérgicos aos componentes do produto. Entram nesse rol bebês com menos de 9 meses, adultos com mais de 60 anos e pessoas com Aids, além de pacientes com câncer ou que estejam tomando medicamentos depressores do sistema de defesa do organismo.

“A vacina é usada há mais de 70 anos com segurança. Mas, como qualquer outro medicamento, a reação depende muito do sistema imunológico de quem a recebe”, comenta a infectologista Ana Rosa dos Santos, gerente médica da área de vacinas do Laboratório Sabin.

“Em um momento como este, onde muita gente está se vacinando, aparecem mais casos. Eles são proporcionais ao número de pessoas que procuram os postos de saúde. Mas esse produto é bem tolerado e raramente associado a eventos adversos”, tranquiliza a médica.

Um novo fármaco, mais tecnológico e sem o vírus – o que reduzirá ainda mais as chances de reações indesejadas –, já está em desenvolvimento, mas não deve chegar tão cedo às clínicas. A fórmula atual, desenvolvida em 1937 por Max Theiler e a qual lhe rendeu um Prêmio Nobel em 1951, protege cerca de 99% dos vacinados.

Segundo a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), o efeito adverso mais comum (ou menos raro) é dor no local da aplicação, atingindo cerca de 4% dos vacinados e durando até dois dias. Sintomas moderados, como febre, dores musculares e de cabeça, também são verificados em 4% dos recém-imunizados. Há ainda reações alérgicas graves, que acometeram 0,42 pessoas a cada 100 mil imunizações entre 2007 e 2012.

De acordo com a SBIm, pessoas com intolerância aos componentes do imunológico, como clara de ovo, não devem receber o produto. Manifestações mais brandas (erupções na pele e urticária, por exemplo) também podem ocorrer.

Os mais graves eventos adversos são as doenças neurotrópicas relacionadas à vacinação e a doença viscerotrópica aguda (DVA). Esta última, provável causadora das mortes em São Paulo, acontece quando um quadro agudo similar ao da febre amarela desenvolve-se mesmo com o vírus atenuado.

De acordo com dados do Instituto Bio-Manguinhos/Fiocruz, principal fabricante da vacina no mundo, a DVA pode ocorrer até o décimo dia após a imunização e acomete 1 a cada 400 mil vacinados – em miúdos, 0,00025% deles.

Ao Metrópoles, a Fiocruz disse que, quando um efeito adverso grave acontece, é notificada oficialmente pelos órgãos de vigilância sanitária. “Uma vez recebido [o aviso], iniciamos um processo de investigação clínica, conforme preconizado pelo sistema de farmacovigilância”, explica a instituição.

Por isso, o Ministério da Saúde e a Sociedade Brasileira de Imunizações pedem cautela na vacinação de alguns grupos de pessoas. No entanto, ainda assim, um médico pode recomendar a dose caso avaliar que o risco de reação à vacina é inferior ao perigo oferecido pela doença, se contraída. Pelo controle epidemiológico do ministério, entre dezembro de 2016 e julho de 2017, a febre amarela matou 33,59% dos infectados.

“Um idoso, por exemplo, morador de uma área onde há surto em andamento, tem mais chance de morrer de febre amarela do que de manifestar reação à vacina”, comenta a presidente da SBIm, a infectologista Isabella Ballalai.

Quando o paciente não lembra se já tomou a vacina, a orientação da SBIm é aplicá-la novamente. Lembrando: segundo a Organização Mundial de Saúde, só é preciso se imunizar contra febre amarela uma vez na vida.

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