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Usuária de Ozempic e Mounjaro processa empresas por problema estomacal

A americana Jaclyn Bjorklund diz ter sofrido graves sintomas gastrointestinais após usar Ozempic e Mounjaro para tratar diabetes

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Uma mulher de 44 anos moradora da Louisiana, nos Estados Unidos, abriu um processo nessa quarta-feira (2/8) contra as farmacêuticas Novo Nordisk e Eli Lilly, fabricantes dos medicamentos Ozempic e Mounjaro (tirzepatida).

Jaclyn Bjorklund alega ter sofrido gastroparesia grave, também conhecida como paralisia estomacal, após usar os remédios no tratamento contra a diabetes tipo 2.

Os advogados do escritório Morgan & Morgan, responsável pelo caso, afirmam que as empresas falharam em alertar adequadamente os consumidores dos medicamentos sobre os possíveis riscos de problemas estomacais graves.

No processo de 26 páginas, Bjorklund afirma ter sido diagnosticada com diabetes tipo 2 em 2017. Ela teria usado o Ozempic antes de mudar para o Mounjaro em julho de 2023, após mais de um ano sofrendo com problemas estomacais graves.

A americana foi ao pronto-socorro várias vezes devido aos problemas estomacais, com dor de estômago, queimação no trato gastrointestinal e vômitos. Ela ainda diz ter perdido alguns dentes após episódios de vômitos excessivos.

“Como resultado do uso de Ozempic e Mounjaro, a autora sofreu eventos gastrointestinais graves que resultaram, por exemplo, em vômitos intensos, dor de estômago e queimação gastrointestinal. Ela precisou ser hospitalizada por problemas estomacais em várias ocasiões, incluindo visitas ao pronto-socorro, e teve ainda queda de dentes por causa do vômito excessivo, necessidade de medicamentos adicionais para aliviar o problema e vômito de comida inteira horas depois de comer”, diz o processo.

A gastroparesia é uma doença gástrica que afeta o movimento espontâneo dos músculos do estômago responsáveis por empurrar os alimentos no trato digestivo. A condição faz com que a comida passe tempo demais no estômago, sem seguir para o intestino. O quadro pode ser causado por outros problemas médicos, como a diabetes.

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Ozempic e Mounjaro

O Ozempic tem como princípio ativo a semaglutida, substância semelhante ao hormônio GLP-1, que traz a sensação de saciedade. O Mounjaro – também conhecido como tirzepatida – imita dois hormônios intestinais, o GLP-1 e o GIP. Ambos são indicados para o tratamento da diabetes tipo 2.

Eles se popularizaram como opções off-label para perda de peso, uma vez que esta classe de medicamentos diminui a velocidade com que os alimentos são digeridos, fazendo com que os usuários se sintam saciados por mais tempo. As farmacêuticas, no entanto, não indicam o uso para emagrecimento.

Efeitos colaterais em bula

Estudos clínicos dos medicamentos mostraram que eles podem causar uma série de efeitos colaterais, incluindo problemas gastrointestinais como dor abdominal, náusea e vômito.

“É nossa opinião que essas drogas estão causando esses problemas. Achamos que as provas são suficientes para podermos provar isso ou não teríamos entrado com o processo, e pretendemos abrir muitos outros nos próximos dias e semanas”, disse o advogado responsável pelo caso, Paul Pennock, à imprensa local.

O que dizem as farmacêuticas?

Procurada pelo Metrópoles, a Novo Nordisk informou que os medicamentos à base de GLP-1 são usados há mais de 15 anos para o tratamento da diabetes, e há oito anos para obesidade. Os produtos da Novo Nordisk – como semaglutida e liraglutida – estão no mercado há mais de 10 anos e passaram por estudos clínicos.

“Dados clínicos com mais de 25 mil participantes em estudos com análogos de GLP-1 em todo o mundo reforçam a segurança dos medicamentos, assim como os dados de farmacovigilância analisados pós-comercialização ao longo dos anos. A semaglutida especificamente foi extensivamente examinada em programas robustos de desenvolvimento clínico, grandes estudos de evidências de mundo real e tem, cumulativamente, mais de 9,5 milhões de pacientes-ano de exposição”, diz a empresa, em nota.

De acordo com a farmacêutica, “os eventos gastrointestinais são efeitos colaterais bem conhecidos da classe GLP-1”. Para a semaglutida, a maioria deles é de gravidade leve a moderada e de curta duração. “Os GLP-1 são conhecidos por causar um atraso no esvaziamento gástrico, conforme observado na bula de cada um de nossos medicamentos GLP-1. Sintomas de esvaziamento gástrico retardado, náuseas e vômitos são listados como efeitos colaterais”, afirma o documento.

A Novo Nordisk pontua que, embora a diabetes seja um fator de risco bem conhecido para a gastroparesia, existem outros problemas de saúde que podem aumentar o risco, como sobrepeso/obesidade, gênero feminino, infecção por vírus e doença do sistema nervoso (Parkinson ou esclerose múltipla).

O Metrópoles procurou a Eli Lilly mas não obteve resposta até a publicação da reportagem.

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