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Uma em cada 10 pessoas terá alguma doença mental ao longo da vida

Segundo a OMS, depressão se tornará, em 2020, a enfermidade mais incapacitante do planeta. Transtornos de ansiedade também estão crescendo

atualizado

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1 de 1 doencas mentais - Foto: Chris Madden, Getty Images

Ao longo da vida, uma em cada 10 pessoas precisará de cuidados com a saúde mental. Nos últimos 10 anos, os casos de depressão no mundo aumentaram 18%. A Organização Mundial de Saúde (OMS) prevê que, até 2020, essa será a doença mais incapacitante do planeta. Outros exemplos de enfermidades ligadas à saúde mental são ansiedade, mal-estar psicológico ou estresse continuado, atraso mental, compulsões e perturbações psicóticas, como a esquizofrenia.

O Brasil é campeão de casos de depressão na América Latina. Quase 6% da população – um total de 11,5 milhões de pessoas – sofrem com a doença, segundo dados da OMS. O número de indivíduos diagnosticados com transtornos de ansiedade também vem crescendo. De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, da Associação Americana de Psiquiatria, existem pelo menos 12 tipos de patologias relacionadas à ansiedade.

“Há um movimento global de desequilíbrio emocional, vemos pelo número de conflitos, pelo crescimento da intolerância e da competitividade nas relações interpessoais”, afirma o psiquiatra Fábio Aurélio Leite, membro titular da Sociedade Brasileira de Psiquiatria e integrante do corpo clínico do Hospital Santa Lúcia. Segundo o especialista, a estrutura emocional das pessoas não conseguiu acompanhar o rápido desenvolvimento material e intelectual da sociedade.

As patologias emocionais estão aparecendo cada vez mais cedo, o que leva especialistas acreditarem que muitas são construídas ainda na infância. “As doenças mentais refletem muito o ambiente em que as pessoas vivem. Atualmente, as crianças não se sentem acolhidas emocionalmente”, pondera o profissional. Ele acredita ainda que as redes sociais agravam o quadro de ansiedade pois, nesses espaços, os indivíduos estão constantemente buscando a aprovação dos outros.

Segundo a psicóloga Gláucia Flores, da Aliança Instituto de Oncologia, ainda há muito preconceito em relação a doenças emocionais e psíquicas porque elas não são mensuráveis por exames tradicionais. “Elas não são comprovadas por exames como, por exemplo, uma cardiopatia. O diagnóstico e o tratamento dependem de uma relação de confiança entre o paciente e o profissional”, explica.

A ansiedade desencadeia comportamentos de alerta, alguns sintomas que merecem atenção são: sentir medo ou receio em excesso de situações que ainda não aconteceram; apresentar alterações no sono; sofrer com tensões musculares; ter pensamentos obsessivos e comportamentos compulsivos.

Acolhimento
Dependendo da frequência e da intensidade que a pessoa sinta essas alterações, é importante buscar ajuda de um psicoterapeuta para falar abertamente do que sente. Em alguns casos, o psicólogo pode encaminhar o paciente a um psiquiatra. “Precisamos cuidar da mente da mesma forma que cuidamos do corpo”, pontua Gláucia. “Assim como a pessoa vai ao nutricionista para cuidar da alimentação, no cardiologista para cuidar do coração, deve ir ao psicólogo ou terapeuta para cuidar da saúde mental”, conclui a especialista.

A manutenção de uma vida mental saudável inclui a prática de atividades que promovam o bem-estar e o relaxamento. De acordo com a psicóloga Glaúcia Flores, é primordial buscar um tempo para si, para aliviar a mente do desgaste psicológico ao qual está submetida todos os dias. “Meditação e psicoterapia são práticas que podem ajudar a sair de um contexto problemático e buscar o autoconhecimento”, recomenda.

Proposições ao redor do mundo
A disseminação de informação é importante para ajudar a desmistificar as doenças emocionais e psíquicas. Por isso, a OMS divulga, de três em três anos, o Atlas de Saúde Mental. A publicação propõe metas para os próximos anos.

  • O documento da OMS estipula que pelo menos 80% dos países precisam atualizar ou desenvolver políticas e planos de saúde mental baseados em instrumentos de direitos humanos internacionais e regionais. No caso das leis sobre saúde mental, a percentagem esperada para 2020 é de 50%. Outro objetivo é que 80% dos países tenham pelo menos dois programas nacionais de saúde mental que sejam funcionais e multissetoriais voltados para a promoção e a prevenção de doenças desse tipo.

A OMS também recomenda que 80% dos países passem a coletar e divulgar, a cada dois anos, uma lista de indicadores de saúde mental. De acordo com a edição 2017 do atlas, somente 37% dos estados-membros da OMS recolhem dados específicos sobre o tema.

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