UFMG quer testar em humanos a Spintec, vacina contra Covid feita no Brasil
Imunizante 100% brasileiro apresentou resultados promissores em testes com animais. Estratégia é que seja usado como dose de reforço
atualizado
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A criação de um imunizante brasileiro contra a Covid-19, no Centro de Tecnologia em Vacinas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), dará mais um passo. Cientistas envolvidos na pesquisa que desenvolve a vacina vão entregar um relatório à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para iniciar testes em humanos.
O relatório está previsto para ser entregue à Anvisa na sexta-feira (30/7). Caso a documentação seja aprovada, a Spintec será testada em humanos em duas fases: na primeira vai reunir entre 30 e 40 voluntários e na segunda contará com 150 a 300 voluntários.
Esses testes serão realizados com voluntários que já tenham sido imunizados com as duas doses da vacina Coronavac há pelo menos seis meses. O objetivo dessa estratégia é avaliar a capacidade de resposta imunológica do organismo à terceira dose de um imunizante.
A Spintec já passou pela fase pré-clínica, que inclui testes em animais. A expectativa dos pesquisadores é que a vacina esteja disponível para os brasileiros em 2022.
De acordo com o pesquisador Flávio Fonseca, do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG e um dos coordenadores da equipe responsável pela Spintec, foram realizados testes em camundongos, hamsters e micos, com resultados promissores. Os primeiros submetidos à experiência foram os camundongos, que possuíam receptores utilizados pelo Sars-CoV-2 para infectar as células humanas.
“No grupo de camundongos, por exemplo, todos os animais vacinados, sobreviveram, não apresentaram doença clínica imensurável, enquanto os animais não imunizados, todos morreram até o oitavo dia de doença”, relatou Fonseca em entrevista ao G1.
Hamsters
O segundo grupo de animais testados foi o de hamsters, que desenvolveram a forma branda da Covid-19. Fonseca explica que todos os hamsters vacinados não perderam peso nem apresentaram sinais clínicos, enquanto aqueles que não foram vacinados ficaram doentes.
Já os micos só receberam a vacina, não foram inoculados com o coronavírus. Isso ocorreu porque os cientistas queriam avaliar se esses animais apresentariam alguma reação, mas não foi o caso. Eles também queriam avaliar a produção da resposta imunológica e de anticorpos. Segundo Fonseca, todos os resultados foram positivos.
São estas experiências que vão compor o dossiê entregue à Anvisa. “Já tivemos algumas reuniões com a Anvisa para entender as demandas e o formato do encaminhamento desses dados. Estamos ajustando a abordagem das informações segundo os padrões exigidos pela Agência”, informou Fonseca em anúncio feito pela UFMG.