Triatleta transplantada comemora aniversário com bolo de dois corações
Patrícia Fonseca recebeu o novo coração no dia do aniversário de 30 anos. Desde então ela celebra a vida com um bolo especial
atualizado
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Há sete anos, a economista Patrícia Fonseca, 37 anos, comemora seu aniversário com um bolo duplo em formato de coração. No andar de baixo vão 30 velas, representando as três décadas que viveu antes de conseguir um transplante de coração. Este é simbolizado pelo bolo que vai logo acima, com um número de velas que aumenta para cada novo ano de vida.
Patrícia foi diagnosticada com miocardiopatia dilatada, uma cardiopatia congênita grave que enfraquece o músculo cardíaco, no dia em que nasceu. O problema desencadeou sequelas em outros órgãos, como hipertensão pulmonar e problemas renais, que a acompanharam por anos.
“Logo que eu nasci, os médicos falaram para os meus pais que eu não iria sobreviver porque o meu coração era muito fraquinho. Eu cresci entre médicos, exames e hospitais. Sempre quis viver e fazer coisas que eu não podia”, diz, em entrevista ao Metrópoles.
Por 30 anos, Patrícia não pôde praticar atividades físicas, um sonho para ela — hoje, depois do transplante, a economista fala com orgulho que é “a primeira triatleta transplantada de coração”. “Na escola, eu assistia as aulas de educação física da arquibancada e morria de vontade. Quando via alguém correndo na rua pensava: ‘Meu Deus! O que tem dentro dessa pessoa?’. Eu estava sempre cansada”, lembra.
Em fevereiro de 2015, aos 29 anos, a paulista entrou para a fila do transplante de coração e, em abril, precisou ser internada com sérios problemas para respirar. Foram três meses de luta diária no Hospital do Coração (HCor) de São Paulo, até que o novo órgão chegou no dia do seu aniversário de 30 anos, 29 de julho.
“A primeira ligação que recebi no meu aniversário foi a do médico dizendo que o coração tinha chegado. Foi o presente de uma vida inteira”, contou.
Lembra do bolo de dois andares? Ele é inspirado no que Patrícia encomendou para celebrar os 30 anos no hospital. Ela não pôde comer porque precisou fazer jejum para a operação do transplante, mas fez questão de dividir com o maior número possível de pessoas da equipe médica.
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“Ele simboliza muita coisa: o valor da vida, da saúde, a importância da doação de órgãos. Hoje eu comemoro porque a vida é muito especial. Eu lutei para simplesmente estar aqui. A saúde é o nosso melhor presente”, afirma.
Mais jovem depois dos 30
Patrícia brinca e se compara ao personagem de Brad Pitt no filme O Curioso Caso de Benjamin Button, em que ele começa a história como idoso no final da vida e rejuvenesce com o passar dos anos.
“Foi o melhor ‘trintou’ da vida. Depois dos 30 anos eu fiquei muito mais jovem do que era antes. Já sei o que é ser velha, eu não sabia o que era ser jovem, poder correr, nadar, andar de bicicleta”, conta.
Apenas um mês após o transplante, a economista deu os primeiros passos na corrida. Pouco tempo depois, começou a participar de competições para atletas transplantados e não transplantados de triatlo. E ela não quer parar por aí. Os planos para o futuro incluem se arriscar em novos esportes e contribuir com a divulgação de campanhas de transplante de órgãos.
“Temos 50 mil pessoas na fila de espera por um transplante. Se eu puder, vou ajudar de alguma forma para conscientizar que o transplante salva vidas”, disse.
De acordo com o Ministério da Saúde, em maio deste ano, 58 mil pessoas aguardavam uma doação. A lista de espera para transplante de órgãos teve um aumento de mais de 15% nos últimos dois anos.
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