Treinos de alta intensidade em excesso podem desacelerar metabolismo
Pesquisa mostra que longos períodos de HIIT também estão associados a estresse oxidativo, o que pode acelerar envelhecimento
atualizado
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Muito recomendados para quem quer perder peso de forma rápida, os treinos intervalados de alta intensidade (HIIT, da sigla em inglês) podem ter o efeito oposto quando feitos de forma excessiva. Embora a prática melhore a resistência física, longas horas desse estilo de treino podem sobrecarregar o corpo, amortecendo o metabolismo e dificultando o emagrecimento. A conclusão é de um pequeno estudo conduzido pela Escola Sueca de Esportes e Ciências da Saúde, publicado na revista científica Cell Metabolism.
Os pesquisadores recrutaram 11 voluntários, seis mulheres e cinco homens, adultos e saudáveis. Os participantes foram orientados a realizar sessões regulares de HIIT em uma bicicleta ergométrica. O treino foi feito intercalando períodos curtos de pedaladas em esforço total e breves momentos de descanso. Gradualmente, as pessoas aumentavam a duração dos exercícios.
Por duas semanas, os participantes observaram melhorias em seu desempenho nos exercícios. Eles pedalaram com esforço máximo por cinco intervalos de quatro a oito minutos de cada vez, com três minutos de descanso entre as rodadas. Com o tempo, os voluntários foram capazes de gerar mais força durante o treino e tiveram melhor resistência. Eles também apresentaram melhorias em suas mitocôndrias, a parte das células que gera energia.
O estudo descobriu que quantidades moderadas de HIIT melhoraram o desempenho das pessoas nos exercícios, porém treinos longos realizados quase todos os dias causaram a estagnação dos ganhos de aptidão dos participantes, além da deterioração da saúde dos voluntários.
As descobertas sugerem que, embora a prática tenha benefícios, a atividade pode ser prejudicial em vez de útil para a saúde, prejudicando o desempenho e estressando o corpo a longo prazo.
Envelhecimento precoce
Segundo os especialistas, os problemas tiveram início quando os participantes começaram a se exercitar quase todos os dias, com períodos mais longos de esforço total em cada sessão. No total, eles faziam cerca de 152 minutos de exercícios intensos por semana.
Nesse ponto, o desempenho dos participantes na bicicleta estagnou. Os testes mostraram que os participantes apresentaram piora na saúde metabólica durante o período mais intenso de treinamento, além de níveis de açúcar no sangue menos estáveis e disfunção mitocondrial.
Os voluntários também apresentaram marcadores de estresse oxidativo, um tipo de dano celular ligado a riscos à saúde de longo prazo, como doenças crônicas e envelhecimento prematuro, bem como sintomas de curto prazo, como fadiga e inflamação.
O lado positivo é que os participantes conseguiram se recuperar após uma semana de exercícios menos frequentes, voltando a fazer progressos na bicicleta novamente. No entanto, suas mitocôndrias ainda não funcionavam tão bem como antes dos treinamentos extremamente intensos.
Os pesquisadores chegaram à conclusão de que o período ideal para a prática do HIIT seria em torno de 90 minutos de exercícios. Pessoas com problemas de saúde pré-existentes ou sedentárias, contudo, podem ter mais benefícios se começarem a praticar com poucos minutos diários.