Treinar o cérebro pode reduzir impactos do zumbido, diz estudo
O zumbido pode ser prejudicial para a saúde mental. Pesquisa indica que o problema pode ser curado sem remédios
atualizado
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O zumbido tem impactos grandes na saúde mental e tem se tornado cada vez mais comum, já que o zumbido crônico é uma dos sintomas relatados por pacientes que enfrentaram a Covid-19.
Um estudo publicado nesta terça-feria (9/1), na revista Frontiers in Audiology and Otology, mostrou que os impactos do zumbido podem ser reduzidos em apenas algumas semanas através de um treinamento mental.
Os especialistas envolvidos na investigação criaram um curso de formação para pessoas que têm zumbido, além de uma terapia de som que pode ser ministrada através de um aplicativo para smartphone, o MindEar. Combinados, eles reduzem o impacto da condição.
A equipe formada por pesquisadores de universidades australianas, neozelandesas, francesas e belgas testou as técnicas em um ensaio clínico com 30 pacientes. Os resultados mostram que 20 deles (60% do total) teve uma melhora clinicamente significativa com o tratamento.
As melhorias foram observadas após 16 semanas para a maioria dos pacientes. Este período foi reduzido para apenas oito semanas quando os pacientes tiveram acesso adicional a consultas online com um psicólogo.
A equipe planeja ensaios maiores no Reino Unido, em colaboração com o University College London Hospital, para avaliar a eficácia terapêutica do aplicativo MindEar, que está disponível para indivíduos testarem gratuitamente, mas apenas em inglês.
O que é o zumbido?
O zumbido não é uma doença em si, mas geralmente é um sintoma de outro problema de saúde subjacente, como danos ao sistema auditivo ou tensões que ocorrem na cabeça e no pescoço.
É um quadro comum, afetando cerca de uma em cada quatro pessoas em algum momento da vida. Ele possui cinco graus de gravidade: temporário, leve, moderado, severo e catastrófico. No nível mais elevado, pode causar desespero e sensação de impotência, sentimentos que, a longo prazo, podem fazer aparecer distúrbios mentais.
O zumbido é experimentado principalmente por adultos mais velhos, mas também pode aparecer em crianças. Para alguns pacientes, o incômodo desaparece sem intervenção. Para outros, pode ser debilitante: afeta a audição, o humor, a concentração, o sono e, em casos graves, causa ansiedade ou depressão.
“Um dos equívocos mais comuns sobre o zumbido é que não há nada que você possa fazer a respeito. A ajuda profissional de pessoas com experiência em apoio ao zumbido pode reduzir o medo e a ansiedade associados à boa experiência dos pacientes”, diz o fonoaudiólogo Fabrice Bardy, da Universidade de Auckland, na Austrália, principal responsável pelo tratamento.
O MindEar usa uma combinação de terapia cognitivo-comportamental, exercícios de atenção plena e terapia de som para ajudar as pessoas a treinar o cérebro a desligar sua atenção do zumbido. “O som passa a desaparecer no fundo e é muito menos incômodo”, explica o profissional.
Embora não haja cura conhecida para o zumbido, existem estratégias e técnicas de manejo que ajudam muitos pacientes a encontrar alívio. Com as evidências deste estudo, a equipe da MindEar está otimista de que existe uma ferramenta mais acessível, rapidamente disponível e eficaz para muitas das pessoas afetadas pelo zumbido que ainda aguardam apoio.
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