Tratamento para câncer de próstata nem sempre é necessário, diz estudo
Os pesquisadores da Universidade de Oxford concluíram que, em casos leves, o tratamento do câncer não é obrigatório
atualizado
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Um novo estudo de longa duração, realizado por pesquisadores da Universidade de Oxford, no Reino Unido, concluiu que a maioria dos tratamentos severos realizados em pacientes com câncer de próstata poderiam ser evitados ou ao menos adiados.
Os resultados foram apresentados em uma conferência da Associação Europeia de Urologia em Milão, na Itália, no último sábado (11/3). Além disso, mais dois estudos foram publicados nas revistas científicas New England of Medicine e NEJM Evidence.
Todos os voluntários da pesquisa fizeram acompanhamento com seus médicos para monitorar os tumores de próstata de risco baixo a intermediário. Os pacientes que não fizeram tratamento conseguiram diminuir alguns riscos, como incontinência e disfunção erétil, e estavam menos propensos a morrerem da doença do que os homens que realizaram cirurgia de remoção da próstata ou que fizeram terapia com bloqueadores hormonais e radiação.
Ao todo, 1,6 mil homens diagnosticados com câncer de próstata sem metástase entre 1999 e 2009 participaram do levantamento. Eles foram divididos em três grupos: o primeiro era de monitoramento ativo, com exames de sangue regulares para monitorar o câncer (teste de PSA). No segundo, os homens usavam bloqueadores de hormônios e radiação para encolher o tumor. No terceiro e último grupo, os participantes realizaram a cirurgia de remoção da próstata.
Cerca de 3% dos voluntários morreram do câncer em 2020. Não houve, no entanto, diferenças significativas nas mortes por câncer de próstata entre os três grupos. Já os participantes que fizeram monitoramento ativo mostraram maior risco de sofrer metástase comparado aos outros dois grupos.
Os resultados obtidos com a pesquisa, no entanto, não servem de base para homens com câncer de próstata de alto risco e alto grau, que precisam de tratamento imediato. Na maioria dos casos da doença, o paciente só começa a manifestar sintomas negativos depois de 10 anos.
De acordo com a pesquisa, que está sendo realizada há mais de 20 anos, a presença da proteína PSA no sangue, responsável por indicar a presença do câncer, não faz mal aos homens e não precisa de tratamento.
Segundo a pesquisadora Jenny Donovan, líder do estudo, as conclusões obtidas merecem uma atenção especial por parte dos homens com o diagnóstico e dos médicos.
“O que esperamos é que os médicos usem esses números e os compartilhem com os pacientes, para que homens recém-diagnosticados com câncer de próstata localizado possam realmente avaliar essas compensações”, afirma.
Tratamento pode ser evitado
No início do estudo, em 1990, o exame de PSA era indicado para homens com mais de 50 anos. Os testes podem incluir biópsias e imagens para determinar a causa dos níveis aumentados da proteína e, geralmente, esse acompanhamento não vale a pena.
Segundo os pesquisadores, ao longo dos anos, estudos mostraram que a alta frequência de exames de PSA podem ser mais prejudiciais do que benéficos. Eles defendem que até 84% dos homens com o tumor identificado por exames de rotina não se beneficiaram da descoberta, uma vez que o câncer não era fatal. Vale lembrar que isso se aplica apenas a casos leves da doença.
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