Transtorno bipolar: conheça sintomas e saiba como é o diagnóstico
O transtorno bipolar é uma das doenças psiquiátricas com maior índice de suicídio. O diagnóstico costuma ser difícil e pode demorar anos
atualizado
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Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o transtorno bipolar atinge cerca de 140 milhões de pessoas em todo o mundo e está entre as dez principais doenças incapacitantes em adultos jovens.
De acordo com a psiquiatra Danielle Admoni, a doença é caracterizada pela recorrência de episódios de distúrbios de humor que podem durar dias ou semanas e tornam o paciente anormalmente energizado tanto física quanto mentalmente – os quadros são chamados de mania ou hipomania, e também envolvem a depressão.
A causa exata do transtorno bipolar ainda é desconhecida, mas estudos sugerem que o problema pode estar associado a alterações em certas áreas do cérebro e nos níveis de neurotransmissores como serotonina e dopamina.
As manifestações clínicas geralmente aparecem no final da adolescência e início da fase adulta, e podem levar a grandes deficiências, redução da expectativa de vida e altas taxas de mortalidade.
Como detectar o transtorno?
O transtorno bipolar é dividido em dois grupos: tipo 1 e tipo 2. Cada um deles é determinado pelo padrão de sintomas que o paciente apresenta.
No tipo 1, há episódios de mania, em que o indivíduo tem um aumento da energia, euforia, alegria intensa e felicidade fora do normal. A pessoa também apresenta ideias de grandeza, superioridade ou elevada autoestima e autoconfiança excessiva, que pode atingir um grau fora da realidade. O paciente pode apresentar também irritabilidade e impulsividade de forma exacerbada.
“O pensamento fica acelerado, muitas ideias e projetos fluem simultaneamente ou em uma sequência tão rápida que fica difícil entender sobre qual assunto a pessoa está falando”, conta a psiquiatra.
Existe ainda a diminuição da necessidade de sono, comportamento sexual excessivo, descontrole nos gastos e atitudes sem a percepção de sua inadequação.
Já o tipo 2 abrange a hipomania, em que as características são similares às da mania, mas com sintomas mais brandos. O paciente pode apresentar depressão, tristeza profunda, perda de interesse por tudo, pensamentos negativos (ideias de ruína, culpa, inutilidade, baixa autoestima) que podem ser intensos a ponto de configurar um delírio.
O indivíduo tem modificações no sono e, enquanto algumas pessoas têm insônia, outras dormem mais do que o habitual. Em relação ao apetite, pode haver aumento no consumo de alimentos como forma de aliviar a ansiedade, mas a maioria dos pacientes fica sem fome. Há também diminuição da libido, perda do prazer, fadiga excessiva e desinteresse por tudo.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico do transtorno bipolar costuma ser bastante difícil e pode demorar em média dez anos para ser estabelecido devido a tratamentos equivocados, ausência de comunicação entre os profissionais envolvidos, desconhecimento sobre como a doença se manifesta (seja pela falta de conhecimento ou pela confusão dos seus sintomas com os de outros tipos de depressão), preconceito e autoestigmatização.
Além disso, os antecedentes do indivíduo também são fundamentais, já que episódios anteriores de depressão ou algum histórico familiar de transtornos do humor ou suicídio podem auxiliar no diagnóstico.
“A maioria dos pacientes não procura o psiquiatra na fase de hipomania, só quando entram em depressão. Se o diagnóstico não for exato, ou seja, se não houver uma investigação maior que aponte o transtorno bipolar, e sem estabilização do humor com o uso de medicações antidepressivas, o quadro pode piorar”, alerta Danielle.
Bipolaridade e suicídio
O transtorno bipolar, ao lado da depressão, é uma das doenças psiquiátricas com maior índice de suicídio. Segundo a Associação Brasileira de Transtorno Bipolar, de 30% a 50% dos pacientes com o diagnóstico tentam o suicídio, sendo que cerca de 15% cometem o ato.
No quadro agudo de euforia, a pessoa tem a sensação de que pode tudo, inclusive se colocar em situações de risco, podendo levar ao ato suicida. Já na depressão, a intensidade da angústia, da perda de interesse pela vida e os pensamentos sempre negativos podem levar o paciente ao extremo do suicídio.
O tratamento para o transtorno depende da fase da doença. De acordo com a psiquiatra, os quadros maníacos/hipomaníacos são tratados com estabilizadores do humor. Já durante a fase depressiva, normalmente são usados antidepressivos associados com estabilizadores do humor por curto período de tempo, para evitar a ocorrência de um quadro maníaco/hipomaníaco.
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