Transplante renal: comerciante passa por técnica que ameniza rejeição
Método de dessensibilização foi usado pela primeira vez no DF para que paciente pudesse receber rim do irmão
atualizado
Compartilhar notícia
O comerciante Fábio Gonçalves da Silva, de 43 anos, ganhou uma vida nova há dois meses. Ele foi o primeiro morador do Distrito Federal a receber um transplante de rim no Hospital Santa Lúcia após um tratamento de dessensibilização.
“Estou com um rim que funciona bem, sem riscos à minha saúde e, ainda, fazendo história, levando esperança a muitas pessoas com problemas semelhantes ao meu”, celebra Fábio, que recebeu o rim do irmão Leandro, de 36 anos.
A técnica de dessensibilização prepara o paciente para a realização do transplante renal ao modular a resposta imunológica do corpo dele, diminuindo as chances de rejeição ao órgão que será recebido. “É um tratamento para reduzir a quantidade de anticorpos adquiridos após transfusões de sangue ou transplantes prévios”, explica o nefrologista Luiz Roberto de Sousa Ulisses, responsável pelo caso de Fábio.
A dessensibilização é considerada uma revolução no campo dos transplantes renais por aumentar as chances de sobrevivência de pacientes ao aumentar a disponibilidade de órgãos.
Compatibilidade
Para a realização de um transplante de rim, o primeiro ponto a ser avaliado é a compatibilidade entre os grupos sanguíneos do doador e do receptor. Em seguida, é realizado um exame chamado de prova cruzada.
A prova cruzada checa se o receptor tem algum tipo de anticorpo contra o doador. Esses anticorpos costumam existir em pessoas que já tenham sido sensibilizadas através de gestação, transfusão sanguínea ou transplante renal prévio.
No caso de Fábio e do irmão, eles existiam e foram necessários seis meses de dessensibilização com a aplicação de uma dose por mês de imunoglobulina humana. A imunoglobulina humana foi conseguida por meio do Sistema Único de Saúde (SUS).
“Depois da sexta dose, fizemos provas cruzadas, em períodos diferentes e todas deram negativo. Com isso, começamos a fazer os outros exames para realizar o transplante e, graças a Deus, deu tudo certo”, relata o paciente.
O nefrologista Luiz Roberto de Sousa Ulisses explica que nem todo paciente leva o mesmo tempo para negativar a prova cruzada. Alguns podem levar mais ou menos meses, de acordo com o quadro clínico e a reação do organismo.
Qualidade de vida
O transplante é indicado para doentes renais crônicos que precisam realizar diálises frequentes. Pacientes que passam por diálise durante muito tempo têm mais probabilidade de apresentarem doenças cardiovasculares e dores e fraturas nos ossos.
“É uma rotina muito difícil e limitante. A gente tem que fazer hemodiálise todo dia, você vai e volta fraco, passa mal, tem pressão baixa, dor de cabeça. Fora que a gente não pode viajar. Se for, tem que ser para cidades que tenham vaga em clínicas de hemodiálise e nem sempre a gente consegue”, conta Fábio.
No Brasil, estimativas da Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN) apontam que cerca de 10 milhões de pessoas sofrem de doença renal crônica e pelo menos 150 mil fazem diálise diariamente.
Receba notícias do Metrópoles no seu Telegram e fique por dentro de tudo! Basta acessar o canal: https://t.me/metropolesurgente.