Após raro transplante de laringe, paciente com câncer recupera a voz
Homem passou por operação mesmo estando com câncer ainda ativo na laringe. Órgão é um dos mais desafiadores para ser transplantado
atualizado
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Um homem com câncer ativo na laringe passou por uma operação rara para fazer um transplante do órgão na Mayo Clinic, nos Estados Unidos. Uma equipe de seis cirurgiões participou do procedimento, que durou 21 horas e tinha dois objetivos: retirar o tumor e permitir que o paciente voltasse a falar normalmente, o que não acontecia há 10 anos.
A operação aconteceu em 29 de fevereiro e os resultados foram divulgados nessa terça (9/7). Marty Kedian, 59 anos, convivia há mais de uma década com uma forma rara de câncer de laringe chamada condrossarcoma. As cirurgias para tentar controlar o tumor não tiveram resultados duradouros, e tanto os procedimentos quanto o avanço da doença causaram a perda da capacidade de falar sem auxílio de uma laringe eletrônica.
A respiração e a força para engolir de Marty também foram prejudicadas com a progressão do câncer. Na nova cirurgia, ele recebeu o transplante de laringe, faringe, traqueia superior, esôfago, glândulas tireoide e paratireoide, vasos sanguíneos e nervos.
Os desafios do transplante de laringe
O transplante de laringe não é comum e há apenas outros cinco registros de operações desse tipo no mundo, uma vez que o órgão é muito vascularizado e cortado por importantes terminações nervosas. Além disso, é raro que pessoas com doenças na laringe estejam com a vida em risco, o que muitas vezes não as habilita a passar por um procedimento tão invasivo.
O caso de Marty, porém, era uma exceção tão perigosa que os médicos recomendaram a retirada total da laringe, mas o paciente se negou a passar pela cirurgia. “Eu queria algo que aumentasse a minha qualidade de vida. Queria poder respirar bem e ler histórias de ninar para minha neta”, afirma ele.
Por ter sido conduzida como parte de um ensaio clínico, a situação de Marty pode ajudar na formação de médicos para atender uma população mais ampla. “O ensaio clínico nos permite fazer uma verdadeira investigação científica para avaliar a segurança e a eficácia do transplante de laringe como uma opção confiável para os pacientes e, eventualmente, popularizar o procedimento”, afirma o otorrinolaringologista David Lott, que liderou a equipe que fez a cirurgia.
Em material divulgado à imprensa, o paciente aparece conseguindo engolir e voltando a respirar melhor. Em quatro meses, Marty recuperou cerca de 60% de sua capacidade de fala. Os médicos planejam remover o tubo de traqueostomia quando ele conseguir respirar totalmente sozinho.
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