Transplante de órgãos suínos para humanos começará até 2025 no Brasil
Estudo da Universidade de São Paulo (USP) está em fase avançada e deve acelerar a fila do transplante de rins, coração, pele e córnea
atualizado
Compartilhar notícia
O primeiro transplante brasileiro de órgão suíno geneticamente modificado para o ser humano deve ocorrer até 2025, estimam pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).
O procedimento, conhecido como xenotransplante – quando envolve mais de uma espécie –, deve encurtar o tempo de espera de pacientes que aguardam por um transplante de coração, rim, pele e córnea e os gastos com tratamento.
O estudo da USP é pioneiro na América Latina. Há cinco anos, o professor emérito da Faculdade de Medicina (FM), Silvano Raia, coordena a pesquisa com suínos com a professora do Instituto de Biociências (IB) da USP, Mayana Zatz.
Estudos internacionais anteriores mostram que a espécie é uma das mais compatíveis com o ser humano devido às semelhanças fisiológicas. A modificação genética pode reduzir consideravelmente os riscos de rejeição dos órgãos.
“O xenotransplante é um avanço. Nos últimos 20 anos, foram realizados 2 milhões de transplantes no mundo. Houve um aumento de demanda, mas não houve aumento proporcional da disponibilidade de órgãos. Então, há uma demanda reprimida, muitos morrem à espera de órgãos e os suínos se mostraram os mais adequados”, disse Raia, durante a cerimônia de assinatura do acordo.
A USP e o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) assinaram, na última sexta-feira (19/8), uma carta de apoio que prevê investimentos de R$ 10 milhões em pesquisa para o desenvolvimento de órgãos suínos compatíveis para transplante. Cada uma das partes se comprometeu a investir R$ 5 milhões no estudo.
Os recursos serão usados para o custeio de atividades de pig facility – instalação de nível de biossegurança dois (NB2) – para a criação de suínos em condições sanitárias adequadas para a produção de órgãos compatíveis.
De acordo com os cientistas, a fase de edição genética já está concluída, o que permite a produção dos primeiros embriões modificados.
Após a conclusão dos estudos, o método precisará passar pela análise e aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).