Todo mundo vai precisar tomar a terceira dose da vacina?
Início da aplicação de mais uma dose em imunossuprimidos e idosos criou dúvidas sobre a necessidade de reforço para o restante da população
atualizado
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Com o início da vacinação com a terceira dose da vacina contra a Covid-19 em pessoas imunossuprimidas e idosos acima de 70 anos, o restante da população ficou em dúvida: será que todo mundo vai precisar receber mais uma injeção para prevenir os efeitos do coronavírus?
Segundo a médica Mônica Levi, diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBim), até o momento, as evidências científicas só são suficientes para recomendar a terceira dose para imunossuprimidos e idosos.
“Nas pessoas acima dos 80 anos, o nível de proteção caiu ao longo do tempo. São indivíduos que ficaram protegidos, foi excelente no início da campanha, mas hoje é necessário um reforço. Se vai acontecer o mesmo em todas as faixas etárias, ainda não sabemos”, explica a especialista em vacinação.
Em profissionais de saúde mais jovens, que tomaram o imunizante ao mesmo tempo que os idosos, ainda não foi percebida queda na proteção até o momento, o que indica uma ação diferente a depender da faixa etária da pessoa vacinada.
A diretora da Sbim ensina que a vigilância epidemiológica está atenta para estabelecer se os níveis de anticorpos vão cair em todas as idades e se será necessária a aplicação de mais um reforço, também conhecido como “booster”, do inglês impulsionador.
Mônica diz que também não se sabe se pessoas que já tiveram Covid-19 e tomaram a vacina têm anticorpos por mais tempo.
“A vigilância está sendo bem rigorosa. Se mostrar que a população está voltando a adoecer, ser hospitalizada e o número de óbitos aumentar, aí sim se adota a universalidade da recomendação de reforço. Mas essa decisão depende do monitoramento”, afirma a especialista.
Terceira dose x reforço
A diretora da SBIm explica que há uma diferença entre terceira dose e reforço. A pessoa imunossuprimida, por exemplo, que começar a ser imunizada agora terá três doses previstas no calendário vacinal pois foi comprovado cientificamente que apenas duas doses não são suficientes para criar uma proteção semelhante à do restante da população.
Em idosos, por outro lado, a proteção caiu e, por isso, há a aplicação de um reforço, seis meses depois. “Isso é normal, são doses diferenciadas para pessoas com respostas imunes diferentes”, diz Mônica.
Pode misturar vacina?
A recomendação do Ministério da Saúde é que a terceira dose e o reforço sejam feitos com a vacina da Pfizer/BioNTech, independente do tipo de imunizante usado na primeira dose.
A diretora da SBIm ensina que as vacinas de RNA, como a da Pfizer, são o melhor complemento para as tecnologias usadas tanto para a vacina de Oxford como para a Coronavac. “Mas se não houver Pfizer disponível, é aceitável que se use outros imunizantes com vetor viral, como o da AstraZeneca ou o da Janssen”, explica.
A relação entre a Coronavac e outras vacinas está sendo estudada pela Unifesp em parceria com o Ministério da Saúde e a Universidade de Oxford. Os participantes da pesquisa (idosos) serão divididos em quatro grupos e cada um receberá um tipo de imunizante. Os pesquisadores irão avaliar como é a resposta imune para definir qual é a melhor mistura.
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